sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Adeus ano velho, feliz ano novo!


Não, eu não vou prometer entrar na academia, emagrecer dez kilos, parar de fumar, esquecer aquela paixão. Plantar uma árvore, voltar a comer carne, ser mais sensata, menos impulsiva, menos amante mais amiga.

Não, eu não vou prometer que 2009 será um ano de superação, de mil e uma realizações, muito menos serei super mulher. Não, eu não vou depositar no pobre do ano todas as minhas expectativas, meu príncipe no cavalo branco, minha promoção no trabalho, aquele carro novo que vai estar na minha garagem e muito menos aquele partidão que minha mãe sempre sonhou.

Creio sim que seja época de renovação. Mas para renovar e inovar, dessa vez não haverá promessas. As coisas vão acontecer na hora e da forma que tiverem que acontecer. Faço votos sinceros a mim mesma que em 2009 eu aprenda que nem tudo está sob controle e que ao invés de fazer desse fato um drama eu sinta o gosto agridoce que as coisas inesperadas trazem consigo.

Tudo bem, tudo bem. Um pouquinho menos dona da verdade e um pouquinho menos intolerante. Mas não prometo nada. Só vou tentar.

E que esse ano ímpar (para mim, anos ímpares são sempre os melhores) venha cheio de surpresas, e que as boas me tragam um sorriso de criança, e as não tão boas assim me tragam algum aprendizado sem que para isso eu tenha que endurecer.

Ao mundo desejo do fundo do peito que 2009 seja um ano de mais tolerância, tolerância às diferenças. De mais amor, amor ao próximo e amor a si mesmo. Porque parto da premissa que só ama ao próximo aquele que ama a si mesmo.

Aos amigos desejo horas de conversa fiada, abraço apertado, um amor daqueles de tirarem a gente de órbita, muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender.
Fechado o balanço de 2008 é hora de sorrir para 2009 sem creditar a ele qualquer responsabilidade. Deixa o ano que nasce bater na sua porta e invadir sua alma. E que cada dia desse novo ano seja de fato um novo dia.

À minha mãe Oxum peço proteção e saúde para concretizar todos os meus planos e resignação para aceitar que nem todos serão concretizados. Que os ventos soprem a meu favor e a favor daqueles que têm disposição de viver.

Vai 2008, com todas as suas marcas e que nele fique o que não quero mais. E que venha um ano novinho, todo decorado de luzes e com cheiro de flor. Com muito amarelo e muito cor- de- rosa.

Vem 2009 que te quero bem!

sábado, 20 de dezembro de 2008

E foi o princípio do fim...


Ana não sabia terminar histórias, não sabia deixar pra trás o que faz peso. Mas um dia Ana se pegou chorando compulsivamente. Porque Ana era aquele tipo de mulher exagerada que é tudo ou nada.

Felipe era aquele tipo de cara que não sabia ceder. Que não sabia viver como se a vida fosse uma reta. Vivia como se tudo fosse um eterno labirinto. Enrolava- se em tramas que volta e meia jogavam na cara de Ana sua impotência.
O que Felipe não contava era que Ana atrás daquela pose decidida escondia uma mulher debochada. E talvez fosse esse o maior motivo de Ana rir da cara de Felipe enquanto gozava com outros caras pela cidade.

Naquele dia, Ana e Felipe brigaram. Felipe bateu a porta e foi embora. E Ana ficou ali com seu cigarro na mão, atônita. Depois de horas de choro e de interrogações Ana se olhou no espelho e riu. Riu porque no fundo Ana nunca deixara de saber a mulher que era. E Felipe nunca deixou de ser seu brinquedo.

Ana sentiu que era hora de deixar mais esse acessório para trás. Felipe era mais um desses penduricalhos de ouro que Ana carregava em sua bolsa cheia de penduricalhos. Mas dessa vez, num súbito momento de lucidez Ana resolveu que ela aquela porta devia se fechar.

Levantou, tomou um banho daqueles que além de lavar o corpo lavam a alma. Esfregou como se quisesse arrancar alguma coisa de si. Ajeitou os cabelos, que viviam na venta. Colocou seu vestido. Pegou sua bolsa, que dessa vez estava vazia.
Olhou-se no espelho e viu o reflexo de uma mulher cheia de tatuagens. Tatuagens marcadas pela vida.

Calçou seu salto doze, porque acontecesse o que acontecesse Ana nunca descia do salto. Pegou a chave de casa, e dessa vez foi ela quem bateu a porta.
Lá estava Ana, só. Mas sabia que em algumas horas estaria de volta à sua casa envolvida pelos braços de alguém. Alguém que no dia seguinte virasse seu novo penduricalho.

Horas depois, lá estava Ana. Naquela noite decidira que não queria fazer amor, então Ana trepou a noite toda. E quando o dia amanheceu tratou de se desfazer do que sobrava em sua cama.

Na secretária eletrônica mensagens de Felipe. Ana não retornou.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Bem mais e melhor...


Fica comigo só hoje e eu prometo te recompensar pelas noites que deixamos de viver todos esses anos. Fica comigo só hoje e eu te prometo que só iremos dormir quando lá fora o sol aparecer.

Fica comigo só hoje e eu prometo ser tua com a intensidade de mulher que espera o marido voltar da guerra. Te prometo o maior amor do mundo e pra sempre, só hoje. Fica comigo só hoje e desenha teu corpo no meu, porque nunca nenhum outro se movimentou com tanta harmonia.

Fica comigo só hoje porque éramos tão diferentes mas tão complementares. Porque depois de tanto tempo seu cheiro continua o mesmo e agora você resolveu voltar invadir meus sonhos. Fica comigo só hoje como se os anos não tivessem corrido e nos tornado dois estranhos tão íntimos.

Fica comigo só hoje. Só hoje, porque amanhã já será tarde. Porque amanhã voltamos a estaca zero e eu volto a te reconhecer como um outro qualquer. Como um passado remoto, como uma história vivida e mal vivida. Porque amanhã esvazio meu baú e com ele você vai embora.

Só hoje porque amanhã volto a rir da tentativa do resgate de algo que um dia foi ouro e agora é pó.Porque amanhã nada mais existe, nada mais importa. Amanhã tudo volta a ser como vem sendo.

Amanhã quando acordarmos, você vai olhar para o lado e se deparar com o mulherão que eu me tornei e eu vou me dar conta de que você nunca esteve a minha altura. E quando isso acontecer, todas as promessas que te fiz hoje ficarão juntas com o que não vivemos.

E quando eu finalmente for embora, irei ouvindo Chico Buarque: “ E quantos homens me amaram bem mais e melhor que você.” Quando eu finalmente for embora vou entender que esses anos afastados foi o melhor que podia e devia ter acontecido. E você finalmente e definitivamente não vai compreender como me deixou ir embora.

 Chico Buarque - Olhos nos olhos. - Chico Buarque - Olhos nos olhos.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Toda mulher...


Porque toda mulher que é guerreira sabe se divertir.
Porque toda mulher que se preza tem um sorriso estampado no rosto.
Porque toda mulher sabe ser meio mãe, meio filha, muito amiga.
Porque toda mulher esconde algum segredo.
Porque mulher que é mulher sabe o poder de assim ter nascido.
Porque toda mulher esconde lá no fundo um pouquinho de Madonna.

Show muuuuuuito bom com companhias perfeitas!!!! Não podia deixar de comentar o show da Madonna que lotou o Maracanã no último domingo. A chuva só ajudou a lavar a alma!

 Madonna - Like a Prayer

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Como tinha que ser...


Ela podia ser amável e segundos depois um alerta de perigo. Pintava as unhas de vermelho sangue para se misturar com seus cabelos, que refletidos ao sol pareciam acaju. Não estava nem sequer perto da perfeição e era disso que tinha mais orgulho. Levava a vida como quem veio a passeio. Brincava com corações alheios, mas não continha sua ira quando faziam do seu bola de gude.

Naquele dia, ela tinha acordado de ressaca daquelas noites intermináveis em que vestia sua mini saia e saía sem rumo. Abriu os olhos incomodados pela luz que entrava pela fresta de sua cortina. Sentou-se. Acendeu um cigarro. E ficou imóvel como se quisesse colocar os pensamentos em ordem.

Ficou ali alguns longos minutos naquela manhã de sábado. Até que resolveu se levantar. Entrou no banho, saiu enrolada na toalha que permaneceu envolvendo seu corpo não mais que alguns segundos. Andava nua pela casa. Abriu a geladeira e comeu morangos. Adorava morangos.

O telefone toca. Sim, era ele. O motivo de sua ressaca, a quem dedicara todos os brindes da noite anterior. Por quem secou até a última gota de sua garrafa de wisky. Ela era assim, só gostava de bebida quente. Que fizesse seu corpo incendiar. Era seletiva, principalmente com suas emoções. Não admitia sentir nada morno, tinha verdadeira adoração por tudo que a fizesse arder.

Prendeu os cabelos e outro cigarro. E aquela voz ainda ecoava do outro lado do telefone. E Ana ainda não entendia bem a razão daquela chamada. Mas continuou escutando com a pouca paciência que ainda lhe restava. Lá estava ele, Felipe. Queria entender o porquê de tantas ligações ignoradas na noite anterior.

Ana, que nunca fora mulher de quem pudesse se seguir os passos disse:
- Por aí, eu estava por aí. E qual a diferença que isso tudo faz?
- Você sai feito louca e nenhum sinal de você? Qual a diferença que isso faz?
- Bem, se faz alguma diferença guarde ela com você.

Desligou o telefone. Ligou o som. Ana gostava de dançar em casa como se sentisse observada. Como se alguém a observasse escondido.

Toca a campanhia. Ana se enrola na toalha. Mais uma vez aquele pedaço de pano não envolveu se corpo por muito tempo. Agora eram a tolha e dois corpos que ardiam de desejo. Dois corpos que contrariavam as leis da física e ocupavam um só espaço.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Preto no branco...


Grita uma certa intolerância aos nãos e uma certa fragilidade em sentir o toque gelado quando entro em contato com as grades frias de aço que cercam meus desejos. O que cerca, talha e retalha os meus impulsos. Como se qualquer incômodo viesse em forma de onda pronta para me afogar.

Uma onda de força que me obriga a ceder por não ser capaz de suportar qualquer angústia que se aproxime do meu campo. Uma cólica de tamanha intensidade anunciado aquilo que vaza, que escapa sem que haja qualquer possibilidade de intervenção.

Algo que rouba o ar, que causa vertingens e que não se controla. Não adianta, não se controla. Deve haver algo no meio do caminho, um tom entre o branco e o preto que aparece para aqueles que dispõem de um pouquinho de tempo e de cuidado. Deve haver algo entre o impulso e a razão.

Assim como há um pouco de prazer na dor. Deve haver algo que se sinta nem quente nem frio. Mas que se sinta. Algo que retire a anestesia, que acorde um sonâmbulo, que traga a uma realidade mais paupável e mais real. Daquela de seres humanos que convivem com suas contradições.

De certo que há. Há uma forma de lidar com vazios, buracos sem que para isso seja necessário comer uma caixa de bombom inteira ou perder horas de sono. De certo que há uma maneira mais branda de lidar com sensações inóquoas, amorfas.

De certo que há outra maneira de viver. Não sem arranhões, mas talvez sem paradigmas.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

It`s all about love...


É tempo de semeadura em meu ventre. Confesso que o fim de ano bateu em minha porta com um sentido doce e terno de gratidão. O gosto de mel do dever cumprido e de colheita de algumas horas dedicadas a aquilo que tinha que ser feito.

2008 quase se despede passando o mastro para 2009, que não tenho dúvidas, será um ano de muitas e outras realizações. Afinal, anos ímpares sempre trazem consigo algo ímpar e especial.

Algumas aves raras fizeram com que esse ano fosse cheio de boas surpresas e de crescimento mútuo. Após dias, semanas, meses, dedicados a um projeto eis que colhi seu fruto adocicado no último dia 29. Aprovada com louvor deixo a graduação para me aventurar em águas mais profundas. Que venha o mestrado!

Para aqueles mais chegados, ainda que não tão presentes fisicamente, deixo meus sinceros agradecimentos e meu abraço apertado. Pelas horas dividas, pelos ouvidos emprestados às minhas eternas e intermináveis dúvidas, pelo apoio, pela mão amiga, pelo colo e por toda atenção.

Mas como nem tudo é feito de brilho, aos meus amigos queridos que enxugaram minhas lágrimas, que me obrigaram a sorrir porque assim deve ser. A todos aqueles que nem por um segundo deixaram de acreditar que every little thng is gonna be all right!

Que em 2009 possamos estar ainda mais próximos e que meu porto seguro nunca deixe de assim o ser. Porque toda guerreira gosta de saber que ao chegar em casa vai encontrar alguém a sua espera. Qual a graça das vitórias se não podem ser compartilhadas com aqueles que amamos?

Uma pequena lista de agradecimentos aos que fizeram 2008, 2007,2006,2005,2004 ( e lá se vão anos) e ainda farão todos os outros de nossas vidas momentos especiais.

À minha querida amiga Mariana, minha ruiva, que resolveu se aventurar em solos paulistanos, mas que em nenhum momento sequer deixou de habitar o meu dia-a-dia. Pela amizade sincera, o carinho de sempre.

Às amigas Caroline e Roberta porque nossos elos são de outras vidas, de outro tempo, de outra existência. Amor incondicional e que não cabe em folha de papel.

Às Marias: Maria Bianca, Maria Flávia, Maria Sabrina, Maria Julia, Maria Estrela. Porque sem vocês a vida não seria tão divertida e tão florida. Afinal, são todas flores do meu jardim.

À Fernanda, Nandinha, Nandoca, pessoinha que dispensa comentários. Pelos anos traçados juntos, pelo meu e pelo seu crescimento. Porque ainda que mais distantes carrego você no peito, minha pequenininha.

À minha amiga gigante não só no tamanho mas nas palavras, na presença, no brilho nos olhos. Porque se tem uma pessoa que é brasileira e não desiste nunca essa pessoa é você Monique!

Ao meu amigo e irmão adotado Celso porque.. ah não tem porque, eu te amo de graça!

À minhas amigas Camila, Larissa, Mariana, Karllota e Janine que dispensam qualquer tipo de comentário. Simples assim, por vocês existirem.

Às irmãs Carol e Mônica Montone que são o mais lindo presente que algum anjinho lá em cima colocou no meu caminho. Pelas horas de conversa, sopinhas no Cafeína ou caminhadas na Paulista.

À minha amiga Paloma que é minha filha, minha confidente, meu porto seguro, minha florzinha. Que sempre tem uma palavra pertinente.

Às Paulas da minha vida, minhas duas loiras que sem elas, esquece! Eu não seria quem sou. Simplesmente porque o amor delas me faz uma pessoa melhor.

A você que me fez entender que todo tesão é encantador. Em horas de conversa ou em situações inusitadas da vida.

Ao meu amado amigo Arthur que caminhou junto comigo, que me orientou, que torceu por mim, que me ajudou.

Aos meus pais a quem agradeço a vida, o amor, a dedicação, as noites mal dormidas quando eu ainda era só um bebê, as flores recebidas pela conclusão de uma etapa da vida. Por vocês existirem e serem assim como são.

Agradecimentos especiais aos amigos Diego de Leone e Carolina Salmon que foram meus braços e minhas pernas esse ano. Sem eles não teria sido possível chegar até aqui. Para vocês qualquer palavra é pouca.

A mim mesma pelo amadurecimento, pela dedicação em meio às horas de desespero e cansaço. Por não ter perdido o foco.

Àquela força maior que todos sabemos que existe, uns a chamam de Deus, outros de energia, não importa o seu nome. O meu sincero obrigada por fazer os ventos soprarem a meu favor.

A todos os que não foram aqui citados mas que são meus fiéis escudeiros e meus presentes de fim, início, meio de ano. De sempre.

domingo, 23 de novembro de 2008

All been washed in black...


Das poucas certezas uma fica: dívidas devem ser pagas. Não importa quanto tempo sejam adiadas. Algumas dívidas tem que ser pagas para que se inicie um novo projeto, para que se vire a página, para que se inicie uma nova leitura ainda que seja releitura.

Porque reler não é tão somente ler de novo. Reler é ler os detalhes que a primeira leitura não pode exclamar. Reler não é tão pouco rever e visitar a mesma história. Reler pode ser lembrar de uma forma mais colorida alguma coisa.

Reler pode ser concluir que aquela história é triste demais para ser lida em dias amenos. Mas mais do que isso reler é sem dúvidas passear pelo conhecido mas de maneira desconhecida porque nunca se relê algo da mesma maneira.

Nunca somos nós da mesma maneira. Poderiam as histórias se repetirem, então? Ou seria um paradoxo repetir sem ser o mesmo?

Seriam os largos anos amigos ou inimigos? Borracha ou carimbo que marca e não se apaga? Seria o tempo amigo do esquecimento e inimigo da proximidade? E seria a proximidade inimiga da mudança?

Poderiam dois corpos que já ferveram um dia se tornarem desconhecidos? Seriam as lembranças tão vagas, incolores, inodoras e insípidas? Seria tão distante o que já fora tão próximo? Ou estaria para sempre fadado a ser um distante tão próximo.

Ainda que mudasse de cor, de forma, de tom, de voz, de luz, de paz, de amor aqueles olhos permaneceriam tão íntimos e particulares? Tão meus e teus e mais teus e meus do que nunca? Seria tudo um deja vu? Uma visita a um passado longínquo, um convite para uma releitura? Ou seria apenas uma nova leitura?

E de quantas questões seriam feitas as mil perguntas que escapam de meu umbigo sem qualquer compromisso com uma resposta sincera, se é que ela existe? Seria tudo tão diferente a ponto de não haver qualquer possibilidade de reconhecimento ou seria apenas uma forma de dizer que depois de tudo e tanto algo se manteve.

Manteve-se guardado no pote lá em cima da estante. Da minha estante em que guardo meus instantes todos coloridos ainda que alguns de preto.

Seria agora a chance de rir do choro, de gozar o gozo, de dizer adeus sem dor? Seria tempo de releitura ou nova leitura? Ou apenas a última página que faltava para completar o livro?



segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Só por ele...



Quando eu era pequena bem pequena ele me ensinava matemática. Lembro-me até hoje quando ele me explicava equações e dizia: - Minha filha não confunda bananas com laranjas. E aquelas tarde longas de números sempre acabavam em discussões porque ele tinha um gênio complicado e eu também.

Mas lembro que ele era meu herói. Todo mundo dizia: -Ela é filha do pai! E de fato eu era. Lembro que quando crescesse eu queria ser igual a ele. Porque ele sempre foi dessas pessoas inteligentes, cultas que tinham a certeza de suas verdades.
Talvez tenha sido por isso meu apego aos livros, aos estudos. Eu queria ser alguém, mas não qualquer alguém. Eu queria ser alguém como ele. Dona da razão sem que pra isso eu precisasse berrar.

Ele sempre foi ouvinte das minhas grandes causas, das minhas grandes dúvidas. Testemunha dos meus maiores amores, ouvinte das lágrimas de um projeto frustrado, o amigo que falava de igual para igual porque ele nunca subestimou minha capacidade de compreensão.

Foi ele que me deu o que ele mesmo nunca pode ter. Foi ele que chorou comigo. Foi ele que respeitou meu silêncio. Sempre foi ele. Meu herói.
Duro mesmo foi quando o herói virou humano. Quando virou menino. E hoje eu sou tão parecida com ele que não sei o quanto dele há em mim e o quanto de mim há nele. Porque há também algo dos filhos nos pais.

Fiquei tão parecida com ele que ficou difícil deixar de ser. E hoje até o que não gosto muito nele muitas vezes percebo em mim. Uma teimosia, uma intolerância.
Talvez tenha sido tarefa árdua separar o joio do trigo. Tudo nele era tão encantador que até o mau hábito de acender um cigarro e deixá-lo queimar no cinzeiro só para acender outro em seguida eu copiava.

Afinal, pra mim ele sempre foi um gênio. E gênios são quase sempre incompreendidos. Gênio daquelas tardes de música em que escutávamos Luiza de Jobim e ele me dizia que se fosse mulher e um cara tivesse feito aquela música pra ele não hesitaria em nem um momento de ir par cama com aquele cara.

Foi ele que comemorou cada vitória minha comigo. Foi ele quem daria a vida por mim. Foi ele meu exemplo, meu amigo, meu anjo. E foi por ele que chorei quando percebi suas fraquezas.

É por ele que eu tento ser um pouquinho melhor a cada dia. É por ele que não entendo porque as coisas tem que ser do jeito que são. É com ele que me preocupo.

Porque é ele meu primeiro e maior amor. Meu pai, que às vezes mas parece meu filho, mas que será sempre meu herói. Ainda que um herói cheio de não virtudes como todo ser humano.

Pai, eu te amo!



terça-feira, 11 de novembro de 2008

Things that I hate...


Odeio quando lembro nos mínimos detalhes do que não vivi. Do que não senti, do que esqueci de esquecer, do que não resisti.

Odeio quando a minha fragilidade fica escancarada, quando não consigo reagir como eu queria ou quando tudo que eu não queria era reagir e reajo feito louca, sem freio, sem razão.

Odeio a emoção porque ela esfrega na minha cara que ela é dona de si mesma e vai aparecer e arrombar a minha porta na hora em que bem entender.

Odeio quando meu ar de dona da verdade vai embora e me pego rindo sem mais nem porque. Ou com um porquê que não quero que apareça.

Odeio que nem criança mimada que perdeu o pirulito, que não ganhou o brinquedo, que é obrigada a comer quiabo.

Odeio quando meu olho brilha sem eu poder controlar. Odeio quando me vejo refletida nesses olhos que me dizem muita coisa sem nenhuma palavra sequer....

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Qualquer coisa que se sinta...

Corre, acelera, atropela, dorme. Pouco. Quase não dorme. Não come. Só mais um pouco. Muda um pouco aqui, um pouco acolá. Roda viva. Pronto! Acabou! Game over!
Projeto concluído, mas as olheiras, o cansaço, a dor nas costas ainda não foram concluídas.

Mas e agora? Acho que consigo entender nesse exato momento o que chamam de depressão pós- parto. E agora fica o que? Novos projetos?

Sensação esquisita. Lembrei-me da música da Cássia Eller que diz: “Socorro, não estou sentindo nada. Nem medo, nem calor, nem fogo”. Acho que deve ser por isso que enfrento tamanha dificuldade em colocar um fim nas minhas histórias, medo do vazio da conclusão.

Não que o vazio do dever cumprido não possa ser bom companheiro eu é que não sei lidar com ele mesmo. Faltam palavras, falta sentido, falta sei lá o que.Só sei que falta e faltar foi um verbo riscado do meu dicionário faz algum tempo.

Sempre sobra. Sobram amigos, sobra trabalho, sobra estudo, sobra amor, sobra tesão, sobra correria. Sempre over. Doses cavalares.

Sobra tanto porque não quero nunca falte. Mas que falte o que?

Por que? Pra que? Quando?

E se nada disso tiver resposta? Apatia de novo? Anestesia?

Engraçado como a ausência e o vazio às vezes podem dizer mais do que a correria das palavras.


 Cássia Eller - Socorro

sábado, 1 de novembro de 2008

Devolve...


Por favor,me devolve? Devolve a minha inspiração que você arrancou junto com meu vestido no início daquela noite em que éramos eu, você e a lua. Devolve meu pensamento que agora cisma em voltar pra aquelas horas em que nossos corpos formavam a mais bela escultura já vista.

Devolve meu fôlego que você roubou com aqueles beijos quentes de quem toma emprestada a alma de outra pessoa. Devolve a monotonia dos meus dias que antes de você existia. Devolve a minha calmaria.

Ou então esquece. Não me devolve. Não devolve nada.

Vem então me fazer companhia nesse dia de chuva, vem logo. Vem me dar um pedacinho do céu. Aquele pedacinho em que não existem anjos de testemunha das nossas horas, ora aceleradas, ora vagarosas.

Vem logo e desenha seu corpo no meu, vem porque seu cheiro já está codificado em mim. Vem pra minha cama que te espera quente, assim como eu anseio por todos os momentos de êxtase que eu sei que você vai me dar de presente, como se fossem bolhas de sabão.

Vem logo. Tenho pressa.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Coisas que não devo esquecer...


Estava eu em meio aos meus devaneios femininos conversando com uma amiga a respeito da minha monografia. Conversávamos sobre a hipocrisia do ser humano que finge viver em um mundo perfeito e mascara seus pré-conceitos atrás de um discurso moralista que não convenceria nem uma criança de cinco anos.

Conversávamos sobre a atuação das mulheres no mercado de trabalho e como os homens lidavam com suas supostas chefes e como algumas piadinhas do tipo “mulher no volante perigo constante” passam desapercebidas e até nos parecem naturais nessa sociedade inegavelmente machista em que vivemos.

Trocávamos figurinha do que acreditávamos ser o perfil da nova mulher, a mulher do século XXI. Cheguei a lembrar das palavras que minha querida mãezinha me ensinara desde o berço. – Minha filha seu primeiro casamento deve ser com seu emprego. Se for para ficar ao lado de um homem que seja por amor e não por falta de opção.

Estávamos ali, duas mulheres modernas quando um ser humano (se é que esse indivíduo reside no planeta Terra) nos interrompe. Abaixo pequenos fragmentos das elocubrações desse cidadão:

- E aí gatas, o que vocês tanto fofocam?

Confesso que fiquei muito tentada a virar as costas e me retirar do recinto. Que espécie de ser humano chega sem ser convidado a uma conversa, interrompendo o assunto com a interjeição gatas? Como tenho me esforçado em praticar a paciência respondi ao meu nobre colega:

- Sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho. Eis que recebo a seguinte resposta:

- E uma mulher como você precisa trabalhar?

Fiquei pensando em que grupo de mulheres aquele ser me encaixara. Por tolice resolvi indagar:

- Que tipo de mulher?

- Ah, você sabe. Maior gata (parece que o camarada acabou de incorporar o vocábulo gata em seu “vasto” conhecimento da língua portuguesa). Até parece que você não arrumava qualquer um que te bancasse.

- Querido colega, quem disse que eu quero ter ao meu lado “qualquer um”? E outra coisa que tipo de ser extraterrestre você é para achar que eu quero que alguém me banque?

- Ah, fala sério você é maior patricinha. Vem sempre arrumadinha para faculdade. Não to querendo te ofender não. Tô fazendo um elogio, você é um mulherão.

De fato devo ser um mulherão perto de uma criança. Mas realmente fiquei em dúvida se aquele sujeito era uma criança ou um acéfalo. Como sou uma lady resolvi terminar a conversa por ali mesmo antes que a amiga com quem conversava antes de sermos interrompidas tivesse motivos para ficar sem graça.

- Querido, realmente esse tipo de assunto não deve ser conversado com qualquer um, mas bom saber sua opinião. Assim confirmo minha teoria de que não se fazem mais homens como antigamente.

Virei as costas e resolvi anotar no meu bloquinho imaginário, onde anoto coisas que não devo jamais esquecer:

1- Não fazem mais homens como antigamente. Lords são uma espécie em extinsão;
2- O ser humano tem uma forma muito peculiar (para não dizer absurda) de eleogiar uma pessoa;
3- É preferível ser antipática a agredir meus ouvidos escutando tamanha asneira.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Shall we dance?


Dizem que os olhos são as janelas da alma. Se os olhos assim o são creio eu que os ouvidos sejam , então, senhas dos sentidos.É inegável a capacidade que certas músicas têm de me levar para outro lugar. De fazer meu corpo morada do desejo. É inegável que de repente me pego em outra dimensão, em uma dança onde meu corpo se veste apenas de brisa.

E meu corpo, esse sim tem sido veículo das mais variadas sensações.É ele que me conta quando minha cabeça se faz de teimosa e tenta ignorar. Mas nada passa. Nem a falta de fome de uma angústia, nem o arrepio das horas agitadas em que jorram de mim o líquido sagrado dos amantes.

Talvez seja o corpo que me jogue na cara a minha mortalidade e que me traga para dimensão humana. É ele que me arranca do tapete vermelho peculiar de toda e qualquer diva. É ele que grita e ri da minha pretensão de ser quase perfeita. É nele onde ocorrem as transformações mais interessantes que de tempos em tempos brotam de uma parte onde o intelecto não reside.

É quando ele dança, quando ele vibra, quando ele permanece que sinto o famoso tesão. Tesão pela vida, pelas sensações. Tesão, porque pode até ser que exista um ser humano nada humano que viva bem a vida sem tesão. Mas quanto a mim, jamais!

É ele que me joga, que grita e muitas vezes, nessas horas em que meu cérebro cansa de bancar o manda-chuva, me mostra um mundo novo. Nessas horas de descuido é ele quem me faz experimentar as situações mais quentes e mais intrigantes.

É meu corpo que denuncia quando sinto um cheiro que me atrai. É meu corpo onde as maiores descobertas encontram sua porta de entrada. É ele que dança como se quisesse sentir de uma vez só uma descarga de endorfina. É ele que te convida a dançar.

O corpo é desavergonhado, despudorado. Não tem a censura que a psique impõe tantas vezes quando quero tirar o pé do freio e pisar fundo no acelerador. E se não fosse o corpo meu amigo, com certeza não teria vivido tantas e tamanhas aventuras.

É por fim o corpo que me torna humana demasiadamente humana.

Shall we dance?


 Gotan Project - Santa Maria

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Take your passaport...


E se eu resolvesse arriscar todas as minhas fichas? Você viria comigo? Você me daria a mão nesse vôo turbulento ?

Você passaria a mão na minha cabeça e faria o vento lá fora parar? Você faria o furacão que reside em mim acalmar? Seria capaz de entender que mudanças me assustam mas que nem por isso recuo porque sei que nada começa sem que seja plantada a primeira semente?

E se um dia eu acordar e resolver que não é nada disso ainda assim você viria comigo? Pra onde? Não sei.

E se tudo mudasse de novo e dessa vez pra melhor e eu tivesse a ousadia de te confessar que morro de medo de tantas mudanças, e que sim me acho genial, mas o medo de falhar me acompanha como todo e qualquer ser humano.

E se um dia eu fizer de tudo pra afastar você de mim quando o que eu realmente quero é o oposto você ainda estaria lá? Seria você capaz de ler além das linhas e entrelinhas assim como você lê todas as curvas do meu corpo?

E se um dia eu cansar de andar, você me mostraria que quem não caminha não chega? Seria capaz de me arrancar das centenas de desculpas e compromissos só para andar pela praia em dia de sol?

E se eu chegasse a chorar, você entenderia que só quero teu silêncio acompanhado da tua presença? E quando eu menos merecesse ainda assim você estaria ao meu lado?

E se eu cismasse que quero conhecer a Europa, que quero andar pelo mundo, que quero usar um espartilho só pra você? Você embarcaria?

Então, pega teu passaporte e vem comigo....

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

All we need is love...


Confesso uma certa dificuldade em colocar em palavras algumas sensações. Jorrar angústia e melancolia sempre coube melhor em papel. Agora entendo quando dizem que fazer comédia é mais difícil que fazer drama.

Talvez isso deva à falta de palavras que dêem conta do orgasmo que é viver. Talvez algumas sensações não devam mesmo ser transcritas porque elas pairam no ar como bolhas de sabão. São tão sutís que quando encontram o tato se desfazem. Talvez o essencial seja realmente invisível aos olhos.

Confesso que escrever sobre minhas agonias e indagações é muito mais paupável e que nesse momento a ausência me é estranha e companheira. Uma sensação de auto- entrega e devoção às surpresas que a vida vem me impondo de maneira feliz.

De repente as interrogações saem de cena e me deixam apenas com esse gosto melado de viver a cada dia sem a grande preocupação do que eu faço hoje vá acarretar no amanhã. Demorou um pouco mas acho que finalmente entendi que é na ausência onde reside a plenitude.

Não, ao contrário do que pensava a ausência não é vazia, é plena de sabedoria e de sorriso de criança. Ausência pode ser conhecimento e morada de uma alam tranquila que prefere esvaziar-se a viver transbordando. Não que transbordar não seja bom desde que não cause enchente.

Nunca poderia imaginar que quando aceitasse a tal ausência tudo que mais me preenche começasse a brotar frente aos meus olhos. Creio eu, que tempos amenos estão por vir. E já coexistem com o caos necessário para dar a luz a uma estrela brilhante.

Finalmente alegria e euforia são palavras distintas e a tranquilidade dos dias ao invés de tédio me provoca doces suspiros. As certezas absolutas se esvaem e sem a menor culpa as deixo ir e me torno fluxo.

É tempo de colheita. É tempo de semeadura em meu ventre. É tempo de se emocionar ao ver o véu da noiva. É tempo de calmaria.

E de repente.... All we need is love!




Queridos, jamais poderia deixar de compartilhar um momento tão feliz como o que estou vivendo. E jamais poderia não documentar o casamento da minha grande amiga.
Camila e Ryan que essa nova etapa seja de muitas descobertas e muito amor. Remember guys, all we need is love!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Só deixo meu coração na mão de quem pode...


Só deixo meu coração na mão de quem pode. De quem pode perder o controle, extrapolar o limite, de viver o hoje, de me arrancar desejo, de me fazer gozar, de me suprir, de me faltar.

Na mão de quem pode fazer da vida eterna piada, champagne com morango, momento sublime, o presente do futuro e o riso do passado. De quem devora tudo como se estivesse anos sem comer. De quem me marca com a alma. Porque só quem vive por inteiro tem aquele carimbo capaz de marcar almas.

Não deixo meu coração na mão de gente irresponsável que se esconde nas palavras, no fundo porque tantas palavras ocultam a pobreza dos sentidos. Não deixo meu coração ao vento, ao relento, com a falta de compromisso. Compromisso único com o sentir do vai e vem dos nossos corpos.

Faz tempo que aprendi que esperar é bem diferente de estagnar. Faz tempo aprendi que se não era pra ser assim não o será. Ainda que tudo indique sim, que pistas invadam meu caminho. Meu destino.

E o acaso? Esse meu maior aprendizado. O acaso é mau companheiro é sombra de quem não invade, não se atira. É desculpa pro não planejado. Acaso só se enche de sentido quando realmente acaso e não descaso.

Então só deixo meu coração perdido no acaso de quem ama livre, de quem não não faz mais jogo.

Porque ciúmes é medo de si mesmo de ver refletido no outro os seus desejos mais profundos concretizados por outro corpo que não o seu próprio. É insegurança de padrões pré- estabelecidos, dos ruídos, das ruínas.

Ruína de ter visto o maior projeto se afundando pela irresponsabilidade de entregar a própria vida na mão do outro e ainda culpar por não ter sido bem vivida. Ruína do sistema, do seu e do meu sistema umbigo.

Então só deixo meu coração na mão de quem ama ou se apaixona quente porque morno é leite de criança que ainda não está acostumada com o fogo da vida.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Das havaianas ao scarpin


Enquanto caminhava em meio ao corre- corre dos alunos ouvia Cartola ao fundo. Foi então que avistei em um canto uma feira de livros e CDs.

Amante da literatura e da música não pude deixar de ir conferir o que estava acontecendo. Quanto mais me aproximava mais me embalava ao som de Cartola.

E de repente...Estava eu ali, aquela menina recém chegada ao mundo acadêmico com minhas roupas despojadas e aquele ar de comunicóloga. É como se pudesse entrar em um túnel do tempo e lá estava eu de novo.

Uma viagem encantadora à uma época em que eu acreditava um pouquinho mais nas pessoas e ainda acreditava que de alguma forma iria mudar o mundo. Com o nariz arrebitado e sempre com uma resposta na ponta língua.

Quase pude sentir o gosto do cigarro que naquela época era meu companheiro inseparável. Aquela sensação de liberdade descompromissada. Uma sensação de que o mundo cabia nas palmas das mãos.

Lembrei do meu melhor amigo que caminhava sempre ao meu lado. Cheguei até a lembrar do meu namorado da época que fora o grande amor da minha vida antes de todos os meus posteriores amores.

De repente olho pra baixo e me deparo com meus scarpins caríssimos, mais um da minha imensa coleção de sapatos. De repente aquele scarpin serviu como um sopro de realidade. Foi então que percebi o quão distante essa executiva que anda em salto agulha se afastava daquela menina sonhadora.

Confesso ter sido um choque. Confesso uma sutíl melancolia com gosto de bolo quente. Confesso que hoje me sinto mais administradora do que comunicóloga. Confesso que senti saudades.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Who Knows...


Se não fosse essa sua mania de fingir indiferença quem sabe você até servisse. Quem sabe se você fosse um pouquinho mais atirado, um pouquinho mais bem resolvido, um pouquinho mais espontâneo.

Quem sabe se tudo não fosse pensado, se você cedesse ao que realmente deseja, se você percebesse que nada há de errado em vir matar minha vontade de me perder e me achar em você.

Quem sabe um dia você descubra a sutíl diferença de querer e arder. Um dia quem sabe volte a descansar no meu ventre depois de horas de êxtase e calor. Quem sabe um dia, você entenda que esse orgulho idiota é realmente idiota e que sem você a vida flui bem mas com você a vida queima.

Quem sabe um dia você compreenda que não quero rosas vermelhas e dias de sessão pipoca e cinema. Quem sabe um dia entenda que só quero você porque não posso você.

Quem sabe, talvez quem sabe, você bata na minha porta e me invada com sede de quem vive em deserto e que deixe suas marcas porque as lembranças hoje são raras e rasas.

Então meu bem, quem sabe um dia você perceba que eu sou um brinquedo de luxo e você uma criança pobre. Mas que na minha mania de fazer caridade até quem sabe... Eu possa ceder.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Cheers!


Chega um momento que os grandes fantasmas viram pó e o que causava frio na barriga passa a ser engraçado e trivial.

Mas sempre chega o momento em que há de se firmar um acordo consigo mesma de que entre ônus e bônus vale a pena levantar a taça e.. Cheers!
Momento de risadas e cheiro de Kalidanda. Momento de celebrar o que se é e o que deixou de ser.

Página virada, caneta na mão. Hora de traçar. Não que os traçados sejam definitivos e que uma boa borracha não possa apagá-los quando deixam de ser interessantes. A falta de compromisso passa a ser o maior compromisso de todos.

Compromisso único em sorrir e comemorar sim, todos os dias porque ser fabuloso é arte de poucos e raros.

23, 24 orgasmos múltiplos de anos muito bem vividos entre novela mexicana e comédia pastelão. Entre amigos queridos e família. Entre indas e vindas. Em meio a decisões irrevogáveis que em menos de cinco segundos se desfazem.

Então, novamente.. Cheers!

Um brinde ao que aprendi, por bem ou por mal,um brinde a vida, as milhares de comemorações não oficiais dos meus dias bem vividos e floridos. Um brinde aos que ainda estão por vir.

Um brinde às Biancas, Julias, Flavias, Fernandas, Paulas, Palomas, Chrizocas, Montones,
Moniques, Karllas, Cacas, Larissas, Marianas que fazem dos meus dias mais cores, mais amores. Às mulheres que fazem minha vida sorrir.

De rios de lágrimas, das grandes gargalhadas, das muitas noitadas, das horas contadas e apressadas sempre que estamos juntas porque sem vocês a vida é mais cinza. Porque sem vocês não existe comemoração.

Das tardes paulistanas, dos dias cariocas. Meus amores se há amor verdadeiro é esse. Então comemoremos!

A nós, a mim e a Chris, que em breve dividiremos mais uma grande data!

Flores do meu jardim, o texto é breve porque quando assunto em voga são vocês me faltam palavras.

domingo, 14 de setembro de 2008

Das mil e uma...


Sabia o que queria e queria tudo. Tudo que a fizesse gozar pela vida e que fizesse seu corpo vibrar porque gostava do vulcão que nela habitava e de tempos em tempos cuspia lava quente.

Quente. Com certeza era essa a temperatura do seu sangue e de qualquer homem que ela assim o quisesse. Queria muito. Vibrava. Dona de um belo sorriso capaz de derreter qualquer dos icebergs que encontrasse em seu caminho.

Tinha um que de sarcasmo e cismava em debochar da vida. Não se fazia de santa. Pisava firme e sabia onde pisava. Quando o assunto eram suas relações nunca teve pudor em pisar com salto doze nos corações que julgava desinteressantes. Mas pisava de leve porque passar por ela sem marcas era o mesmo que querer comer só um bombom.

Era cercada de pessoas mas contava com um seleto grupo que a fazia sentir viva, que escolhera para amigos. Recusava-se a desacreditar nas pessoas ainda que muitas vezes custasse muito caro entender o ser humano.

No fundo tinha uma doçura. Não doce de mel, melado. Agridoce com uma pitada de pimenta. Admirava pratos quentes, com muito tempero e assim acreditava que devia ser a vida. Com muita pimenta ainda que causasse gastrite.

Em dias de sol ela vai à praia e deixa o astro rei invadir sua alma. Em dias de chuva prefere sentir a água molhando seu corpo. Dança. Grita. Ri muito principalmente de si mesma. Cresce. Sai da casca. Transmuta-se.

Há tempos já sabe que seu corpo é o mais interessante de todos os parques de diversões. Não é de transferir responsabilidade. Sabe como usar cada dom que já veio com ela. E sabe fazer das desvantagens um certo charme.

Decide. Corre atrás e consegue. Admira cabeças pensantes, gosta de chocolate, de dias amenos e do calor das horas.

Não tem medo da nudez. Nudez do corpo, da mente, da regra, do paradigma. Despe-se sem vergonha.
Desconhece arrependimentos por coisas que queria fazer e não fez. Fazia.

É viajada, estuda, escolada, descolada, arrebitada, bem amada. O mundo quase cabe na palma de suas mãos.

Ama o novo mas aprendeu a recolorir o velho.
Ama esse breve espaço de tempo. Sem dúvidas está aqui a passeio ainda que em meio a muito trabalho.

Business woman, pretty woman, devil woman. Angel.

domingo, 7 de setembro de 2008

Da New York brasileira...


Trânsito, correria, a cidade não para. Essa é a grande São Paulo. Cidade de pessoas diversas onde sinal é farol e biscoito é bolacha.

Confesso que na posição de carioca inveterada esse grande tumulto nunca me foi acolhedor. O tom cinzento da cidade me causa algo bem parecido com uma claustrofobia. O esteriótipo da cidade que não para se encaixa muito bem.
E logo eu formando pré- conceitos.

Mas em uma tarde de sábado enquanto andava pela Paulista com duas almas queridas me dei conta de que pela primeira vez me senti um pouco parte disso tudo. São Paulo deixou de ser assustadora e passou a brincar em meio aqueles sorrisos e conversas infindas.
Percebi o que de fato sempre acreditei. Quem faz o lugar são as pessoas.

Então fica definido assim: o lugar onde eu estiver será sempre o melhor lugar porque assim o farei.

Então a partir de hoje a New York brasileira vai ter essa imagem de fim de tarde na Paulista. De risadas quentes e de mulheres fortes e de pisadas firmes.

E essas duas mulheres são daquele tipo que fazem qualquer lugar ser o lugar porque nada me encanta mais do que sentir a profunda amizade que essas belas criaturas têm por mim.
Então girls, fica combinado assim. Não importa quantos corações partidos, quantas experiências amargas, vamos sempre caminhar como nesse fim de tarde e tudo sempre estará resolvido.

Tudo se transforma sempre com uma tarde perfeita. De almoços, cafés e alfajores do Havana. Aliás estar ao lado de pessoas especiais sempre tem esse gosto doce de alfajor. Gosto de quem sabe vivenciar e entende a plenitude de um momento.

E no fim disso tudo o Cristo estará de braços abertos para receber essa carioca que agora se entrega aos outros encantos de São Paulo mas que nunca vai deixar de ser apaixonada pela terra do mar e da bossa nova.

E é tão encantadora essa possibilidade. Ir e vir. Ter passe livre e sempre reencontrar vocês que fazem qualquer lugar ser o meu lugar.

domingo, 31 de agosto de 2008

De dias chuvosos...



Ele a amava da forma mais sutíl. Desses amores doces com gosto de brigadeiro. Desses sentimentos puros com os quais ela não estava acostumada a lidar. Ele era calmaria para o vulcão que ela carregava consigo.

Ela nunca conseguiu entender tamanha doação, mas admirava. E nesses dias de mil dúvidas que carregava ele a abraçava como quem quer fazer cessar o pensamento só para mostrar que estava ali. Quando ela chorava sem motivo aparente ele silenciava e apenas lhe estendia a mão para que assim ela nunca estivesse só.

De certo um amor assim estava longe da compreensão dela que nunca foi muito ligada às coisas do coração. De certo porque qualquer coisa na esfera do sentir fugisse do seu vício de racionalizar tudo e da sua mania de reduzir tudo a uma sentença.

Talvez ele fosse Eduardo e ela Mônica. Talvez ela nunca entenda as famosas coisas do coração. Mas sem dúvidas ela é capaz de sentir. Quando ele coloca ela pra dormir como criança e amansa sua fera de mulher. Quando ele finge que não nota todas as suas mil defesas só para estar por perto.

Talvez sejam tão diferentes que nunca consigam entender as mil razões do outro. Mas ele sempre diz que não precisa entender basta que se viva o aqui e agora.
Sempre foi seu amigo mais fiel e aquele que sabe ficar nos bastidores porque sabe que ela gosta de brilhar. Sabe que ela não cabe em papel qualquer e que ser protagonista também carrega outras milhares de responsabilidades.

O mais curioso é que ele sempre a olha como se fosse a primeira e a última vez. Porque pra ele ela é a primeira sempre e a última e única.
E nesses dias chuvosos ele puxa o edredon e faz questão de protegê-la ainda que saiba que ela jamais pediria proteção. Talvez seja essa a razão da sincronia. Ele sabe o que ela precisa mesmo quando ela teima em dizer o oposto.

Ela é do mundo e ele é do mundo dela. Ele sonha em ter uma casa cheia de filhos. Ela sonha em viajar. Ele sonha com uma rotina saudável para sua família. Ela sonha em viver cada dia como se fosse único. Ela é rompante. Ele é constância.


Ela quer aprender inglês, francês, sânscrito. Quer discutir grandes questões, conhecer gente nova, fazer contatos. Ele só quer que ela entenda que isso não deve ser motivo para um isolamento e muito menos para o afastá-los. Ele só quer que ela entenda que se ela pedir ele vai. Seja lá onde for.

Ela se convence de que tamanho sentimento está fora de qualquer possível entendimento. Mas aceita de bom grado sua dedicação. E de tempos em tempos se permite ser mulherzinha com M maiúsculo. De tempos em tempos se permite sentir.

E nesses dias chuvosos ela pensa se seria tudo isso real ou uma imensa vontade de que fosse...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Dos labirintos...


Existe no Swásthya Yôga uma regra geral que diz: Esforce-se sem forçar. Essa regra nada mais é do que um fator de segurança que nos lembra que somos humanos e como todos seres temos limites. Uns maiores, outros menores.

Assim creio que seja nossa vida. Devemos nos esforçar sem forçar. Sem forçar a barra em uma situação que não dá mais certo, sem forçar forças para ir além quando já tivemos sinais de que chegamos ao limite, sem nos agredirmos.

Difícil isso para uma pequena grande mulher acostumada a mover montanhas quando quer muito alguma coisa. Difícil frenar alguém tão acostumada a querer e poder quase tudo.
Eis que num golpe desses de sabedoria a natureza veio me mostrar que regras gerais devem ser seguidas, caso contrário a própria natureza grita de alguma forma que não dá mais. Foi isso que me aconteceu nessa última terça-feira quando o chão se movia mais do que minhas pernas e quando sentia o mundo girar. Tudo isso sem um gota de álcool.

Diagnóstico: Labirintite.

Causa: Estresse.

Recomendação Médica: Estresse-se menos e divirta-se mais.

E como orientações médicas devem ser levadas a sério de agora em diante ao menos vou tentar rir mais um pouco da vida e levar menos a sério o que no fundo não requer tanta atenção.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Das horas mudas...


De todas as coisas que gritam nada ecoa mais alto que o silêncio. Da falta de som e presença por pura e simples apatia de algo ou alguém. Ou de palavras que deixaram de ser ditas por uma razão ou outra e que se afogam no silêncio.

A ausência de som que não se deve à paz ou calmaria das horas ou melhor das minhas horas. A ausência de som porque já não ecoa, já não causa efeito e realmente me recuso a não ser percebida ou ser percebida de tal maneira que não me cabe.

O que não posso esconder nem sequer camuflar é que em meio a essa ausência meus olhos berram. Mas não posso culpar quem não sabe ouvir olhos. Na verdade o que incomoda mesmo é a mesmice da falta de sinais. Porque os sinais que me foram tirados indubitavelmente andam rolando por aí. De mão e mão e de uma mão que não afaga. Porque afago só é especial quando é único.

Pensando bem talvez o silêncio seja agora meu grande aliado por ser insuportável saber que as palavras que se desenham em meus ouvidos são as mesmas palavras de trezentos mil outros.

Vamos lá. Olhe bem para os meus olhos. Tenho olhos de outra qualquer? Definitivamente não! Então combinemos que daqui pra frente só me faça ver o que realmente se destina a mim e só a mim.

Não, eu não vou ter pudor em pisar com o salto do meu scarpin em cada palavra que não seja única e nem vou fazer questão de esconder minha risada de quem se deu conta do ridículo.

Porque o ridículo é lugar temido de todo ser humano vaidoso e não é que eu acabei achando graça. Em verdade não sei se rio da graça ou da des- graça. Das não graça, da não peculiaridade. Na verdade o ridículo vem do externo. Do ridículo de outrem que fiz questão de partilhar.

Então, o silêncio. De novo ele invadindo os espaços vazios das horas perdidas, do tempo gasto com o que no fim era apenas e tão somente, o ridículo. Sabe que é até divertido esse jogo. Você finge que sabe mentir e eu finjo que sei acreditar.

sábado, 16 de agosto de 2008

De como encaramos as coisas...

Mais que destino acredito que olhos atentos sejam a maior de todas as coincidências.

Nos últimos tempos andei pensando no peso das coisas. E esse vídeo acima veio a confirmar minhas idéias soltas que buscam conexão e mais do que isso veracidade.

Andei pensando que tudo pesa o peso que lhe atribuímos.
Agora a questão que realmente fica no ar é: porque algumas pessoas fazem questão de tornar tudo tão pesado e outras conseguem levar durante a vida em sua bagagem apenas um saco de plumas?

Ponto de vista. Eis aí a resposta que me vem a cabeça, não que seja a única ou a correta. Apenas a que me ocorre nesse momento.

Durante algum tempo carreguei o peso de fantasmas que pesavam toneladas. Mas de repente de um desses felizes insights resolvi que agora só cabe pluma.

Não, definitivamente jamais seria Polyana. Jamais viveria no melhor dos mundos. Nem tão pouco hoje sou a mesma que vai acordar amanhã.

O que mudou não foi o ser. Foi apenas uma troca de verbo. Deixo de ser e passo a estar. Ser fluxo de repente me parece muito mais interessante do que ser rocha.

Mas... Se amanhã me for útil volta a ser rocha, não no engessamento das idéias, mas na firmeza das minhas decisões.

De um processo complexo de auto- estudo o que no início me roubava noites de sono e o apetite de repente me pego rindo. Rindo desse processo que sem porque, coisa rara na minha vida de eterna pesquisadora de razões, agora passa a ser divertido.

Até aquelas verdades mais doídas hoje me fazem rir. Não que elas tenham ficado leves, mas enxergo agora a capacidade de mudar.

Tudo bem, adimito. Adimito que assumir que essa mulher decidida e com pisar firme no fundo oculta uma criança mimada não é tarefa que se realize do dia para noite.

Ainda não sei bem o que vai sair dessas tantas mudanças. Ainda não sei que molde vou ter, ou talvez nem tenha algum molde. Mas que o caminho está sendo fascinante, isso é inegável.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Devaneios...

" Amou daquela vez como se fosse a última..."
Assim tenho realizado minhas ações e pensamentos. Só não descobri se isso é bom ou ruim...







Que a nossa mente é o mais poderoso brinquedo que já inventaram não tenho dúvidas. Mas algumas questões realmente merecem nossa atenção, ainda que passageira. Hoje, lendo o post de uma amiga de longa jornada parei para pensar nas reais cores da vida.

O que de fato acontecem com nossas lembranças? Algumas memórias têm tanta cor que chegam a ofuscar nossa visão, outras mais parecem um retrato preto e branco tão longínquo que quase não as reconhecemos como nossas.

A questão aqui é: Teriam mesmo tanto brilho algumas de nossas recordações? Ou seria uma auto- justificativa, um monólogo em que nós mesmos nos dizemos, dessa maneira, que valeu a pena viver determinada situação?

Será que aquele sofrimento era mesmo tão intenso e aquele amor tão verdadeiro? A questão aqui é que muitas vezes manipulamos, ainda que de forma inconsciente nossas lembranças. Algumas vezes para justificarmos o ridículo de alguma situação, ou uma felicidade sem aparente explicação.

Por outro lado, alguns momentos que de fato foram intensos são transformados por nós em página velha de livro, deixados no canto apenas para não termos que dar a eles a atenção devida. Principalmente se isso nos causa alguma éspecie de dor.

O que realmente importa não são as maquiagens e pinturas que cada um de nós dá de forma peculiar aos seus guardados. Desde que se deixe no passado, lugar sutíl dos recuerdos, o que pesa na bagagem.

Lembrar só faz mal quando se perde o agora em prol de algo que já foi. Então, se não temos certeza de como será lembrado por nós esse presente que chamamos assim de presente vivamos como se a qualquer momento pudéssemos sofrer de amnésia. Ainda que de amnésia seletiva.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Dias de Faxina...


Cartas antigas, contas velhas, sentimentos ultrapassados, pessoas anacrônicas, dúvidas inadequadas.
Porque há horas em que se faz necessária uma faxina.

APARIGRAHA
· A quinta norma ética do Yôga é aparigraha, a não-possessividade.
· O yôgin não deve ser apegado aos seus bens e, ainda menos, aos dos demais.
· Muitos dos que se "desapegam" estão apegados ao desejo de desapegar-se.
· O verdadeiro desapego é aquele que renuncia à posse dos entes queridos, tais como familiares, amigos e, principalmente, cônjuges.
· Os ciúmes e a inveja são manifestações censuráveis do desejo de posse de pessoas e de objetos ou realizações pertinentes a outros.
Preceito moderador:
A observância de aparigraha não deve induzir à displicência para com as propriedades confiadas à nossa guarda, nem à falta de zelo para com as pessoas que queremos bem.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Das mil e uma sentenças...


Domingo retrasado uma amiga querida, Mônica Montone, foi cronista convidada da Revista de Domingo do jornal O Globo. Seu artigo que carregava o título “ Filho é pra quem pode’ gerou grande repercussão e inúmeros comentários em seu blog Fina Flor.

Alguns desses comentários eram de mulheres indignadas com o artigo publicado. Algumas sugeriam que a escritora procurasse ajuda terapêutica, outros de pessoas mais lúcidas elogiavam a honestidade e simplicidade de seu texto.

O que me causou espanto foram as críticas nada construtivas dessas mulheres que defendiam a maternidade quase como ferramenta de se alcançar a plenitude. Então fiquei me questionando: quer dizer que se eu decidir não ter filhos estarei fadada a nunca ser completa? Será justo e são esperar que alguém nos complete?

Sinceramente esse dentre outros paradigmas me espantam em pleno século XXI. A ignorância alheia não me irrita mas me deixa boquiaberta. Não estou fazendo apologia contra a maternidade e sim contra os arquétipos criados e inseridos na nossa sociedade como verdades absolutas e irrevogáveis.

Realmente me causa estranheza e até mesmo um certo asco aquelas pessoas que proferem e vivem sentenças. Que se limitam a serem as mesmas como se essa rigidez desse algum embasamento e credibilidade às suas verdades tão absolutas quanto um desenho de criança. Recusar-se a entender outro ponto de vista é preocupante, mas repudiá-lo já passa a ser problemático.

Todas as pessoas que conheço que se agarram às suas próprias e insossas verdades são no mínimo duras e confusas. Que fique claro que não defendo que a cada segundo se mude de opinião porque nesse ponto deixa-se o versátil e torna-se bipolaridade ou multipolaridade.

Então quer dizer que lugar de mulher é na cozinha ou no pé de um berço? E os homens têm direito a viver da forma que bem quiserem? Ou ainda será que algumas profissões têm perfil masculino e outras feminino? Então, é também verdade, que homem não chora e é proibido de gostar de rosa? Ou toda atriz é puta, toda unanimidade é burra?

Essas e outras idéias fixas me divertem tamanho seu absurdo. Então vamos lá, vou desconstruir algumas rochas.

Sou vegetariana e não sou anêmica, nem fraquinha, muito menos tenho uma saúde frágil e meu sistema imunológico trabalha da melhor maneira possível. Só me recuso a comer cadáveres.

Pratico Yôga e não sou zen. Essa mania de achar que todo yôgin é tranquilo, calmo e leva a vida só a respirar e meditar é coisa de gente no mínimo desinformada. Também não acredito que para se conquistar o que se almeja tenhamos que passar por alguma espécie de provação e não tenho culpa de transar com um carinha na primeira noite. Isso definitivamente não me torna vulgar.

Vivo em uma filosofia tântrica, que valoriza a figura feminina e sua energia de criação e transformação ainda que esteja claro que vivemos em uma sociedade patriarcal e machista. Tá aí outro paradigma: tantra é uma filosofia comportamental, uma forma de estar na vida e não apenas um veículo para orgasmos múltiplos.

Tampouco fiz meus melhores amigos no bar como se costuma dizer por aí. Curso uma faculdade na área de exatas o que não me impede de ter o bom hábito da leitura e de ler autores que discutam questões humanas.

Os senhores da razão que me perdoem, mas essas convicções arcaicas me colocam a rir. Prefiro admitir que estiva errada a manter uma postura de quem vive com a verdade no ventre.

Porque afinal, o sol não girava em torno da Terra?

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Do mesmo roteiro...


Em alguns dias eu vejo o mesmo filme. Em alguns dias as cores já são conhecidas e em alguns dias percebo que eu posso fazer um novo filme.
E em outros dias eu quero colo.

terça-feira, 29 de julho de 2008

How much difference does it make?


Sem medo de cair no cichê hoje andei pensando em Sartre: “ Não Importa o que fazem de você. O que importa é o que você vai fazer com aquilo que fazem de você.”
Andei pensando na possibilidade que todos temos de sermos ao mesmo tempo objetos e sujeitos de uma mesma ação. Nesses dias de horas de interrogações algumas sutilezas têm me saltado aos olhos.

Algumas verdades irrevogáveis de repente se tornam nuvens passageiras. Não é que viver na dúvida seja tarefa confortável nem tão pouco desejável. Mas o que tenho percebido é que alguns pilares que me sustentaram pelos meus poucos e bons anos eram de açúcar. O que faltava era a coragem de chover em mim para derretê-los.
Sempre foi mais fácil empurrar para debaixo do tapete aquilo que me fragiliza, que coloca bem a minha frente minhas limitações, minha falta de controle. Porque perder o controle é coisa pra gente grande que sabe lidar com isso.

Algumas situações acontecem porque assim tem que ser e descobrir os seus porquês simplesmente não resolve nada. Por mais difícil que seja devo admitir que algumas coisas são porque são sem nenhuma explicação mirabolante.

O que posso decidir é o que vou fazer com os fatos. E hoje os mil eus que moram em mim decidiram ver cada um da sua maneira uma mesma situação dos mais variados ângulos. Sorte minha que dona desses mil eus pude e posso escolher sempre o que melhor se encaixara à minha personalidade espevitada.

Fiquei pensando em paradoxos. No caos da ordem ou no caos para ordem. Talvez quando se tenha as maiores certezas é quando se necessita não de brisa e sim de furacão. Furacão para mexer e para bagunçar. Para gritar. Para gritar aos olhos da alma de quem teima em não ouvir.

Sorte minha que tive Ele. Furacão mais singelo que fez meu céu ficar em tom cinza pra depois se abrir em mil cores e mil possibilidades. Porque se eu não perdesse o controle pelo menos uma vez jamais saberia o gosto agridoce de ser mortal.
Sim outros furacões já passaram, mas talvez eu não estivesse pronta e desarmada para viver no caos de mim mesma.

Alguns ventos são mais do que brisas. Algumas histórias não se perdem no vento. Algumas pessoas estão no seu lugar porque precisam estar. Algumas delas surgem pra mexer, remexer e ficar. Algumas são especiais e ponto.

Talvez se Ele não tivesse aparecido jamais eu teria meu passaporte paras mil questões que hoje coabitam em mim. Jamais eu entenderia o que o poeta dizia com a dor é inevitável, o sofrimento é opcional.

Porque pra bom entendedor meia palavra basta. Porque se Ele caos não tivesse invadido minha vida talvez hoje ainda fosse a mesma. O mais interessante disso tudo é perceber que alguns oceanos não cabem em mar. Nem no meu mar de palavras soltas e frouxas.

Algumas relações jamais acabam, apenas se transformam. Algumas palavras precisam ficar soltas no ar.

Então pra aquEle que mexeu no meu mar de segurança e vaidade o meu mais sincero obrigada e o meu carinho de sempre. E nesse ponto, how much difference does it make?
Porque ser especial é uma forma de estar em alguém de uma maneira qualquer ainda que se transforme com o tempo, mas sem que jamais se perca.

terça-feira, 22 de julho de 2008

De des-construir...


Hoje pulsava em mim algo que não sabia bem o que mas que tinha que ser cuspido, expelido. Entendi que jorrar palavras nem sempre é obra prima e que talvez os meus não saberes sejam bem mais interessantes que minhas grandes e tão incertas certezas.

Que a dádiva da dúvida pode ser jardim florido, castelo em meio a paisagem. Porque o ponto de interrogação é coisa pra gente corajosa, de peito aberto.
Talvez seja quando não estou em mim que todas as transformações mais necessárias aconteçam. Nesse momento de ausência permito-me ao vazio. E no vazio me inundam as questões que fiz questão de esconder naquele baú que fica bem ali num canto qualquer.

Sair de si é abrir espaço para descobertas incríveis ainda que não tão doces quanto pão de mel.
Sair de si não implica no uso de drogas lícitas ou ilícitas. Basta rasgar a roupa, a casca que durante muito tempo foi usada e enxergar de uma nova perspectiva.

Basta subir em árvore e lá de cima ver tudo muito pequeno. Basta soltar. Porque ter as rédeas curtas todo tempo é se recusar a fazer diferente, a ver diferente. Quem nunca perde o contole é porque na verdade nunca o teve.

Não quer dizer porque se fez careta que agora se viva de regresso à infância. Não quer dizer porque se reconhce as limitações que se torne impotente. Não quer dizer que se identifique a dor que se viva a sofrer.

Conviver com a genialidade do mundo e do seu próprio umbigo-mundo é palácio de cristal ,muito bonito, todavia frágil.
Aceitar as imperfeições é uma forma de tornar-se mais humano e redescobrir o prazer de um bom livro com chá de camomila antes de uma boa noite de sono.

Carrega-se sim, ainda que não se queira o doce fardo das experiências, das dores ainda latentes. Resta a escolha. O que você vai fazer com o que te incomoda? Vai fazer vista grossa ou vai dar risada? Vai lamentar ou aprender?
Porque conhecer-se não é se acreditar maravilha. Trata-se de amar até seus defeitos porque eles são seus.

Às vezes rídicula. É quando me vejo fora de cena que me pergunto onde eu estava naquela hora em que nem eu me reconhecia. O caminho do auto- conhecimento nem sempre é brisa, mas sempre é bom amigo. É terreno fértil para pessoas que vivem em tempo de colheita.

Então, que eu possa sim ser por vezes ridícula e por vezes menina. Que eu possa dançar essa dança gostosa e que no fim de tudo, que sempre é recomeço ou começo, que eu possa me redescobrir ainda mais.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Dos ciclos...


Todos nós já ouvimos alguém reclamar dos seus ciclos viciosos. Uns dormem pouco, outros comem demais, outros trabalham demais.

Fomos acostumados a lidar melhor com as impossibilidades do que com as possibilidades. Diariamente damos ordens negativas aos nossos cérebros. O que poucos já se deram conta é que essa maquininha que trabalha vinte quatro horas por dia é uma verdadeira criança.

Ao dizermos não faça isso, nosso cérebro de levado que é tende a suprimir a palavra não e acabamos por fazer justamente o que não queremos fazer.

Por que não mudar de perspectiva? Proponho aqui que não se trabalhe com a repressão. Patañjali afirmava que a melhor forma de acabar com um pensamento negativo é substituí-lo por o seu oposto.

Voltemos aqui aos ciclos viciosos.
De uma dessas conversas, sempre muito produtivas, com minha querida amiga Mônica Montone falávamos de ciclos, mas dessa vez de ciclos virtuosos.
Poucos são aqueles que na correria do dia a dia param para uma auto- avaliação. Qual o seu ciclo virtuoso?

O ciclo virtuoso nada mais é do que aquilo que fazemos quase involuntariamente mas que quase sempre passa desapercebido. São ações positivas que nos movem. Então proponho aqui que alimentemos todos s dias esses ciclos.

Não, não estou dizendo que seja fácil perceber tal sutileza. Me vem a cabeça agora de forma intuicional a nona regra ética do yôgin: o SWÁDHYÁYA.

“A nona norma ética do Yôga é swádhyáya , o auto-estudo.
• O yôgin deve buscar o autoconhecimento mediante a observação de si mesmo.
• Esse auto-estudo também pode ser obtido através da concentração e meditação. Será auxiliado pela leitura de obras indicadas e, na mesma proporção, obstado por livros não recomendados pelo orientador competente.
• O convívio com o Mestre é o maior estímulo ao swádhyáya . • O auto-estudo deve ser praticado ainda mediante a sociabilidade, o alargamento do círculo de amizades e o aprofundamento do companheirismo.
Preceito moderador:
A observância de swádhyáya não deve induzir à alienação do mundo exterior nem à adoção de atitudes que possam levar a comportamentos estranhos ou que denotem desajustes da personalidade.”
Creio que o auto-estudo seja companheiro inseparável dos ciclos virtuosos. Conhecer-se mais do que uma obrigação é um privilégio. Olhar para dentro deve ser um exercício diário e prazeroso.
Tudo começa a partir de uma escolha. Proponha-se a mudar, um pouco hoje e um pouquinho mais amanhã. Não permita que as oportunidades se percam. Supere-se. Sinta com imensa satisfação que somos donos e senhores de nossas vidas. Pratique o brilho nos olhos.
Respire melhor, dê ao seu corpo o melhor combustível. Viva de peito aberto, não se curve perante os obstáculos.
Peça colo quando precisar, dê colo assim que perceba que alguém precisa.Permitam-se a levar a vida na valsa, mas que não se confunda aqui com irresponsabilidade.
Poucos vezes tive tanta certeza de que estou no caminho certo como tenho agora. Já consigo ver meu pote de ouro no final do arco- íris. E que essa energia que transborda seja solo fértil para pessoas queridas de almas brandas.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Das coisas simples da vida


Em dias de megalomania todos nós acabamos por valorizar o mais. O mais bonito, o mais valioso, o mais complexo, o mais inteligente, o mais e mais. Creio que essa super valorização se deva a pequenez do ser humano.
Não estou defendendo aqui um amor e uma cabana ou que sejamos todos hippies (não que tenha nada contra eles). O que quero defender sim é a simplicidade das coisas que realmente são simples e ponto. Se algo não deu certo não foi o universo que conspirou contra você ou São Pedro que mandou aquela chuva que te atrasou no trânsito bem na hora da sua reunião.
E também o carinha que não te quis não sofre de nenhum distúrbio mental pelo simples fato de não querer dividir um espaço da vida dele com você.
O mais complicado de lidar com as pequenas coisas talvez seja, por nesse exato momento, ter que lidar consigo mesmo e nem sempre essa conversa se dá de forma amistosa. Nem sempre, ou melhor, quase nunca é desejável perceber que se é pequeno.
Que não se confundam aqui ser pequeno com alguma espécie de impotência ou de insignificância.
Nietzsche dizia que para dar a luz a uma estrela brilhante seria necessário ter o caos dentro de si. Concordo que fases de caos precedem grandes mudanças, o que é saudável e estritamente necessário. O que não concordo é que qualquer ser humano possa viver só na mudança. Há a necessidade de viver uma etapa e depois sim, virar a página. Não consigo ver sentido em ler partes soltas de um livro sem uma sequência.
Assim também creio que seja a vida. Etapas devem ser vivenciadas e não atropeladas. Urgência sem dúvida é uma palavra que cabe em dias em que tudo é perecível. Onde o desejo se confunde com amor.
Bauman em seu livro “Amores Líquidos” afirma que o desejo seria a vontade de consumir, absorver, devorar. O nascimento do desejo seria proveniente pura e simplesmente da constatação da alteridade. Já o amor seria a vontade de cuidar e preservar o objeto amado.
Talvez seja esse o motivo que um não exista sem a presença do outro. Custo e recuso a acreditar em binarismos. Creio que não se possa dividir a razão e a paixão, porque uma se opõe a outra. A razão surge da necessidade do freio da paixão. E a paixão surge quando da fuga da mesmice da razão.
Volto aqui à questão das coisa simples, tratando agora do seu oposto, a complexidade. Valoriza-se o complexo, o denso porque foi incutido no senso comum que tudo que é mais é melhor. Sempre me vem a cabeça que até alguns remédios em doses maiores podem se tornar verdadeiros venenos.
Em dias de grandeza, por ironia da vida descobri um contentamento no simples, no estar bem sem aparente motivo, só porque assim decidi que seria. O complicado mesmo foi descobrir que uma simples atitude interior pode ditar como será meu dia e minha vida.
A s grandes virtudes e feitos deixo para os deuses e deusas criados na imaginação humana, porque é lá e somente lá que eles habitam. No plano real, na hora do vamos ver o que conta mesmo é simplicidade de ação.
E como diz Lenine, enquanto o tempo acelera e pede pressa eu me recuso faço hora e vou na falsa. Porque acredito que viver dançando seja muita mais agradável do que viver lutando.

domingo, 6 de julho de 2008

O show não pode parar...

Porque até a perseverança uma hora se cansa e nada resta além de um belo novo caminho a seguir. Porque o show não pode parar.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Da alegria sincera


Hoje visitei um lugar que há algum tempo não visitava. Um lugar especial que preenche meu peito e que transborda sem eu ter qualquer tipo de controle.

Um lugar com cheiro e gosto de chocolate. Um lugar chamado alegria sincera.
Um belo dia resolvi cuidar do meu jardim e não é que as borboletas realmente vieram. E se é de batalhas que se vive a vida eis que tenho mais uma vencida nessa longa jornada.

Concretização, essa a palavra que hoje me envolve e me embala feito colo de mãe. E que mais uma vez se comprove que tudo que é feito com dedicação brilha.

Hoje um brilho de mil sois irradia do meu manipura chakra (o chakra das realizações), hoje tudo é festa.

Força, poder e energia para uma nova etapa que se inicia e para outra que se encerra. Agora sou fluxo de conhecimento e que esse conhecimento desabroche como padma mudrá (flor de lótus) e transborde para aqueles mais sensíveis que entendem as sutilezas da vida.

Aos queridos que sempre vêm visitar meu espaço e dar vida aos meus sentidos divido meu 10 no meu projeto final da faculdade e essa nova empreitada que teve seu início na última segunda, comecei meu curso de formação profissional no Yôga.
E que essa nova etapa seja de sorrisos sinceros e pessoas queridas.

Orgulhosa não de mim, mas de minha dedicação, divido esses raios de felicidade com vocês!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Se alguém perguntar por mim....


Lembro-me da primeira vez que coloquei um óculos, um mundo novo cheio de cores e detalhes estava bem ali em frente aos meus olhos. Tudo ficou mais vivo, mais nítido. Essa tal de miopia embassava minha visão e me dava até dor de cabeça porque tinha que fazer uma força incrível para enxergar.
Assim me sinto outra vez, um mundo colorido e cheio de pequenos detalhes que invadem a minha visão. Esses “pequenos” detalhes se chamam oportunidades. Certa vez em uma conversa com o De Rose ele dizia que a oportunidade é como uma mulher com a nuca raspada, uma vez que ela passa por você, não adianta querer puxá-la pelo cabelo.
Quantas inúmeras oportunidades se escancaravam a minha frente enquanto eu embriagada pelas reclamações de mim mesma ebassava a visão e as distorcia. Pois agora quero só sobriedade e braços abertos pros sonhos.
Mal dou a luz a um projeto e outro já habita meu ventre. Porque sou morada do novo, e no fundo começo a acreditar que Nietzsche tinha razão, não amo o desejado e sim o desejo.
Tenho a urgência dos vinte poucos anos e hoje um pouco mais do que ontem, a maturidade da espera, não a espera passiva, mas a espera de quem plantou e sabe que tem que há o tempo de colher.
Dizem que o mais divertido da festa é esperar por ela, então me proponho nessa jornada fazer de cada um dos meus dias uma pequena festa, dessas de criança, que tem algodão doce e palhaço que faz a gente dar risada.
Esses últimos dias têm tido gosto de mel, cheiro de terra molhada e fértil. Fértil porque faz tempo que descobri que a minha vontade não se basta em mim. Ela ferve, e extrapola os limites e os meus próprios moldes que a cada dia brinco de esculpir.
De repente me vejo do alto da montanha e agora aquela imensidão azul que era o mar nada mais é que um pontinho azul lá longe, aquele furacão agora é brisa que brinca com os meus cabelos. É estranho e paradoxal como melhor se entende uma situação justamente quando se está fora dela.
Os olhos que antes eram de dama sofrida hoje sorriem dessa grande comédia, desse filme pastelão, onde a princesa se questionava o que fazer quando já estava fazendo.
Cessada a tempestade que agora o provérbio se concretize e que venha a bonança, porque sim, eu mereço. Pela primeira vez o fim não me preocupa e chego a me divertir e gargalhar com os meios. Não há obrigação de chegar, porque já sei onde estou indo. Não há pressa.
Há permissão. De agora em diante é decreto lei na minha vida que sou mulher de muitas coisas até mesmo das que jamais imaginei que seria. Deixo aqui meu personagem e venho ao mundo real. Sinto decepcionar alguns, mas tenho fraquezas e um milhão de defeitos. Talvez o pior deles seja brigar contra eles mesmos.
Não sou forte, nem fraca, nem Maria nem Marlin Monroe, sou isso tudo e mais aquilo. E não me interrompa porque estou em fase de criação, de mim mesma. E que venha mais esse projeto que será amado como todos os outros. Porque como boa mãe não faço distinção entre meus filhos.
E que eu coloque bhává (sentimento que confere força) em cada segundo dessa nova empreitada. Vira-se uma página e inicia-se outra.

Pessoas queridas estou de férias. Finalmente o descanço merecido. Esbarro com vocês por aí em cima do meu salto alto em um lugar qualquer...