sábado, 3 de outubro de 2009

Eu vou na fé...


Por onde andam as palavras que me faltam? Por onde andam as confusões nítidas de uma taça de champagne demi- sec? Por onde andam as celebrações de um amor verdadeiro? Devem estar guardadas na ausência de tempo, no vazio das horas corridas na labuta da vida. Em algum lugar do tempo que me falta. Do incenso kali-danda que faz tempo anda apagado.

E de repente me vi sem tempo de mim, em um tempo anacrônico em que eu sou a última a dormir e a primeira a acordar. De um tempo meio sem ontem, sem amanhã e cheio de hoje. Porque assim que se vive, não nos pretéritos, mas na dádiva do presente.
E o que no fim nos mantêm a chama de nossas essências acesas? Talvez seja o sutil intervalo entre ser e se perder. Ou o sutil limite entre o ir e vir dos devaneios. Porque quando se delira tudo pode. Posso ser a rainha das minhas emoções que borbulham na boca do meu estômago.

Da mocinha que sonhava em ser gente grande e agora ora todas as noites por momentos de candura de criança. Do salto agulha que pede pra vestir o pé de nudez. Da energia que anda escassa. Do tempo de independência e de poucos mimos.
Da princesa que cresceu, lutou, venceu. E agora dizem por aí que ela habita não mais neverland, mas, a terra da verdade. Das contas a pagar, do despertador que toca invariavelmente às sete da manhã todos os dias. Eis que a liberdade bate em sua porta com todos os seus ônus e bônus.

Do caminho a seguir resta a fé de viver dentro da falta de tempo uma vida ainda em cor de rosa. Porque, creio eu, que quem aprendeu a sonhar algum dia nunca mais desaprende. É como andar de bicicleta. É como o vício da linguagem, tão incontrolável quanto minha vontade de jorrar palavras.

Porque aconteça o que acontecer eu vou na fé, com fé. Pra onde Deus quiser.