terça-feira, 26 de novembro de 2013

Do não saber-se


E onde ficaram todas aquelas palavras que nunca foram ditas, que foram sentidas, que foram vividas, coloridas, desbotadas, rasgadas, retalhadas?

Onde ficaram aqueles meio sorrisos, deixados em algum caminho perdido em uma estrada que não fora escolhida, mas vivida.

Da forma que deu. Porque algumas coisas são assim, da forma que dão. Assim como as palavras que escorrem de um canto qualquer, de um sei lá onde e saem sem porque.

Durante muito tempo recolhemos peças de um quebra cabeças que parece não ter fim e quando ele finalmente está ali montado, inteiro, parte por parte. As partes deixam de ser importantes, a figura montada deixa de fazer sentido.

Não era nada disso, ou melhor, era, mas deixou de ser. Deixou de ser. A dor que doía não doi mais, o que era dogma foi para o ralo. E ficou o que?

Quem tem ou quem precisa ter todas as respostas? De onde saem as meias verdades?

Por que o que pulsa de repente deixa de pulsar? O que fica no lugar? Nada?

E se for nada, isso é ruim?

Folha branca, alma cheia.

Algo vivo, muito vivo buscando se encontrar no que ficou e que não se sabe mais.



E não saber-se? Também é escolha.