sexta-feira, 4 de abril de 2008

Pro dia nascer feliz

Sim, hoje eu quero me enganar. Acreditar que o mundo amanheceu cantando enquanto eu me recusava a esquecer teu cheiro. Não quero apagar nenhuma das marcas que esculpistes no meu corpo. Não quero esquecer da tua boca em minha pele e daquele raio de sol que fugiu do teu sorriso.
Hoje eu quero ser mulher apaixonada, tola e tonta. Tonta de lembranças tão vívidas que mais se parecem com uma obra arte. Hoje eu quero o teu bom dia ainda que mais tarde soe como um adeus.
Ontem chovia lá fora enquanto nós dois brincávamos de desejo. Chovia água benta que abençoa aos pobres amantes que não renegam a paixão. Chovia porque dentro de mim tudo era tormenta, êxtase e delírio.
Tremi como se houvesse terremoto anunciando apocalípse e sendo assim cedi à tua intimação. Intimava-me a brigar contra mim mesma com força arrebatadora de quem invade um país.
Abruptamente me despiu. E despida do medo e da tua ausência que me sufocava fiquei ali. Foi assim que arrancada a armadura me entreguei, me agredi.
Permiti tua invasão como mãe que amamenta um filho. Nesse ponto não era eu, não era você. Éramos almas indomadas transcendidas em energia, em calor, em movimento.
E agora pouco importa, a chuva se foi e tu mandastes o sol vir me beijar. Escuto ao fundo Aran Juez. Hoje não há ninguém. Só teu gosto, tuas lembranças e febre.
Não há questionamento. Pouco importa o amanhã.
Hoje a vida é carnaval. Euforia constante. Brilho nos olhos. Hoje o dia nasceu por nós e uma brisa veio acariciar minha alma como quem clama por paz.
Paz de quem estendeu a bandeira branca e cansada de lutar se regozija agora com a serenidade de missão cumprida.
Não posso pedir que fiques. Seria injusto com tua liberdade instintiva e com minha mania de amar a dor. Eu não vou te aprisionar em mim porque já estou em você e você irremediavelmente em tudo que vivo.
Em estado catatônico nem mesmo a culpa de me trair me invade. Estou acorrentada em um tempo onde anseio por tua saliva, pelo teu corpo no meu. Enfeitiçada por teus olhos que insistem em me conduzir para o estranho. O reino da insegurança já não me assusta, me encanta, me convida para dançar a dança de quem vive a vida como se a cada instante tudo fosse acabar.
Eis me aqui estanque. Olhando pela janela e vendo os pássaros que minha imaginação inventa. Serei tua para sempre, desde que o sempre seja somente hoje.

2 comentários:

Diego de Leone disse...

bebesito, adorei seu blog, vc escreve muito bem viu! nem aparece a poinha que conheço....hehe
mas ó, me promete escrever tb sobre coisas mais alegres ta ?? ai ai ai ....
beijos e parabéns !!

. fina flor . disse...

dona Luuuu!!

que bonito!!! escrever bem, linda! além disso tem lucidez, o que é fundamental para a escrita.

gostei!!!

mas vem cá: ficção????

rsrs*

beijos,

MM.

ps: adorei o desfecho do texto, o sempre ser o o hoje =]