sexta-feira, 4 de abril de 2008

MIL EUS

E que esse texto em forma de desabafo possa mostrar um puquinho do que sou.. E do que não sou..
Sou essa mulher contagiante e moderninha que de tempos em tempos corre para os braços de outro pedaço de mim meio carente, meio frágil. Mas rapidamente me lembro que está fora de moda ser Amélia e que bonito mesmo é ser Madona.
Jamais seria dessas que fazem um tipo bege, porque sou tantas que nem caibo em mim. Sinto alguma coisa que transborda, alguma coisa que grita. Grito por estar dividida entre essas mil personagens que invento todo dia.
Hoje acordei querendo inventar poesia, mas como não levo jeito pra coisa escrevo essas palvras que como chuva caem sem parar na minha frente.
É quase intuicional ser assim tão decidida, tão mulher, tão independente e viver fugindo do comum, do dia- a- dia.
Comum, palavra que não cabe no meu vocabulário. Eu gosto do diferente, do desafio, do que está por vir...Não gosto de rituais cotidianos. Acordar, sair pra trabalhar, voltar, dormir. Esse samsara vicioso que todos os dias insiste em bater na minha porta e por mais que eu teime em não abrir.. Cedo...Cedo porque lembro que a vida não é só feita de vermelho. Existem sim aqueles dias pálidos, que de tão insosos me lembram cenários de filme antigo.
Não, eu não suporto aquelas velhas notícias corriqueiras, gosto de acontecimentos apocalípticos que revolucionem o mundo. Desses que nunca saem no jornais. Já dizia Raul Seixas: “Eu não preciso ler jornais. Mentir sozinho eu sou capaz.”
Mas oque eu não gosto deixo pra lá. O que importa mesmo é cheiro de mar. Cheiro de chuva iminente, cheiro de gente divertida. O azul do céu de cada dia, a gargalhada de criança.
Eu sou daquele tipo que gosta de se reinventar, de ser insana e careta, mal humorada e divertida. Paradoxo constante. Mas nunca a mesma. Isso jamais.
Muitas vezes exuberante, comunicativa, outras suicida social. Gosto de ser assim.. Essa metamorfose ambulante.
Gosto de brilho no olho, de uma paixão inventada, gosto de pôr do sol. Gosto da certeza de que o amanhã será incerto.
Adoro! Adoro sair de mim pra viver no outro, ser invasiva, ainda que doce. Fazer pesquisa de como é o desconhecido.
Amo! Amo mergulhar em mim todos os dias e descobrir que não sou nada e sou tudo isso aqui descrito. Ser interrogação. E não ser nada. Mas ser tudo.

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