terça-feira, 13 de maio de 2008


Pensava nele dia e noite. Ou melhor pensava no que ele fazia com ela, nas sensações que causava nela.
Ligou o som, colocou uma música dessas que só de ouvir já aguça os sentidos, se pôs a dançar. Dançava em frente ao espelho e se encantava com a imagem refletida. Fechou os olhos.

Foi para longe, bem longe dali. Onde tudo eram sentidos, desejo, tesão. Sentiu o vento invadir seu corpo e convidá-la a dançar. Não recusou. Envolveu-se de calor e agora já na terra dos sonhos era leve.
Era tão real que podia sentir o corpo dele colado no seu, sua respiração, seu gosto, sua invasão. Seu cheiro exaltava a mais profunda sede. Sede de paixão, de movimento.

Não, ela não queria abrir os olhos, nem voltar a realidade. A essa altura ela não lembrava mais que havia outra realidade. Deixava o som a conduzir nua. Nua de medo, de tédio, de aflição.

Era dessas mulheres de uma noite e nada mais. Mas suas noites duravam dias, meses, anos. Duravam a eternidade dos segundos. Pouco importava o depois. Naquele momento não usava a razão, sua companheira mais fiel.

Como que a pedir licença a deixava de lado e explodia. Agora entendia que palavras realmente são desnecessárias, pouco significam perto do que se sente.
Acendeu um incenso, cumprimentou a lua que fazia serão na sua janela. Quis alcançá-la. Deixou aquele brilho dominar sua alma. Transcendia em energia, não podia mais explicar o que sentira.

Como chama flamejante queimava, tremia. Faltava força, foi invadida por um cansaço de quem passou horas a gozar a vida.
Isso não se podia negar. Essa moça sabia gozar a vida, dona de um ar imponente, de uma firmeza inquestionável e de um poder de persuasão quase sedutor.

Pintava as unhas de vermelho sangue, pagava suas contas. Era irresistível. Bastava um sorriso seu e mil exércitos desmoronavam. Acostumada a passar pelos tapetes vermelhos da vida, não era de recusar convite.

Recusava-se a dividir aquele momento com alguém. Era a hora dela, muito embora sua fantasia envolvesse terceiros.

Tomou banho, passou perfume. Ouviu a campanhia tocar. Era o terceiro.
E agora aquela dança, aquela fantasia começava a se confundir com a realidade. Como não era de recusar convites, aceitou a dançar outra vez, mas dessa vez muito bem acompanhada.

Um comentário:

Ela disse...

Seu texto mexe com os sentidos. faz juz ao nome do Blog e aos sentimentos eemoções da escritora.