segunda-feira, 12 de maio de 2008

Dias Amenos...


O difícil é aceitar que nem todos os dias são de sol radiante ou de temporais capazes de inundar as ruas. O difícil mesmo é ter que conviver com aqueles dias nublados, a garoa caindo e nada, nada demais acontecendo no mundo.

Difícil perceber que nem todo dia é dia de glória ou de fracasso. Alguns dias são apenas dias e não presságios de grandes acontecimentos.
Nunca entendi muito bem porque esses dias têm que acontecer. Sempre me causaram tédio, preguiça e outras sensações não muito interessantes. Me parece que estou deixando de viver nesses dias.

É um tempo em que deixo de ser vulcão e experimento a calmaria de águas serenas de um rio que me leva para não sei bem onde.
Dia desses percebi que não é a calmaria que me aflige e sim o não saber bem pra onde esse tal rio me leva.

É quando simplesmente tudo já foi feito, as grandes decisões já foram tomadas e agora a vida segue. Simplesmente segue.

Confesso que os dias de sol me fazem sentir viva e confesso que também não sei lidar com dias beges. Mas, confesso que gostaria de aprender.
Não, não quero eu ser bege. Só saber conviver com o bege. Pessoas beges, relacionamentos beges, dias bege.

Talvez meu pavor ao bege se deva porque ele me mostra um lugar onde não quero estar. Um lugar que sempre me causou estranheza, porque pra quem sempre foi vermelho bege apaga, deprime.

Sou libriana vaidosa que clama pela beleza e elegância das coisas. Por favor, não me obrigue a conviver com o feio. Não me obrigue a ver imperfeições e nem a fechar portas.

Sim, fechar portas, virar a página do livro, despedir, ir embora, encerrar. Sempre acreditei que a vida deveria ter suas portas e janelas sempre abertas pra sorte entrar. Mas nunca aprendi a fechá-las.
Deve ser por esse motivo que as despedidas sempre me causaram angústia mesmo quando eu sabia que era essencial.

Pela primeira vez começo a me dar conta que Maria Rita tinha toda razão ao cantar que o trem que chega é o mesmo trem da partida. Talvez esse trem que chega traga consigo um baú cheio de boas surpresas. Mas inevitável é dar adeus ao trem que parte.

Talvez a maior e mais dolorosa despedida seja a de si mesmo. A das decisões que um dia foram ir revogáveis, das certezas abraçadas como grandes causas, como suas causas.

É hora de me despedir de algumas partes minhas que não cabem mais em mim!

Um comentário:

Ela disse...

Gostaria de me apresentar:

-prazer, sou sua fã.
VOcê escreve muitooooooooooooooo