sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Preto no branco...


Grita uma certa intolerância aos nãos e uma certa fragilidade em sentir o toque gelado quando entro em contato com as grades frias de aço que cercam meus desejos. O que cerca, talha e retalha os meus impulsos. Como se qualquer incômodo viesse em forma de onda pronta para me afogar.

Uma onda de força que me obriga a ceder por não ser capaz de suportar qualquer angústia que se aproxime do meu campo. Uma cólica de tamanha intensidade anunciado aquilo que vaza, que escapa sem que haja qualquer possibilidade de intervenção.

Algo que rouba o ar, que causa vertingens e que não se controla. Não adianta, não se controla. Deve haver algo no meio do caminho, um tom entre o branco e o preto que aparece para aqueles que dispõem de um pouquinho de tempo e de cuidado. Deve haver algo entre o impulso e a razão.

Assim como há um pouco de prazer na dor. Deve haver algo que se sinta nem quente nem frio. Mas que se sinta. Algo que retire a anestesia, que acorde um sonâmbulo, que traga a uma realidade mais paupável e mais real. Daquela de seres humanos que convivem com suas contradições.

De certo que há. Há uma forma de lidar com vazios, buracos sem que para isso seja necessário comer uma caixa de bombom inteira ou perder horas de sono. De certo que há uma maneira mais branda de lidar com sensações inóquoas, amorfas.

De certo que há outra maneira de viver. Não sem arranhões, mas talvez sem paradigmas.

5 comentários:

[P] disse...

Eu preciso urgentemente desta outra maneira de viver. Ainda que seja cheia de arranhões, sabe? É, você sabe, sim...

Beijos.

Paula Barros disse...

Estou rindo com os arranhos e as caixas de chocolates. Qualquer identificação é mera ilusão.

gostei muito de ler tão belo texto.

abraços

A Autora disse...

AMIGA AMADA
PARA SE LIVRAR DE UM PARADIGMA É PRECISO CRIAR OUTRO MELHOR..
BELAS PALAVRAS AS SUAS, COMO SEMPRE
BEIJOSSSSSS
TE ADORO E MUITO OBRIGADA POR TUDO, POR SER QUEM VC É E POR SER MINHA AAMIGA DO CORAÇÃO
CAROL MONTONE

Leonardo disse...

Eu concordo com a Carol Montone, 'pra se livrar do paradigma é preciso criar outro' e viver se arranhõess não dá mesmo,pq ele é a marca do nosso aprendizado e crescimento

Welker disse...

Arranhões até são acostumaveis, mas chocolate, só se tiver amendoim!