quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Das havaianas ao scarpin


Enquanto caminhava em meio ao corre- corre dos alunos ouvia Cartola ao fundo. Foi então que avistei em um canto uma feira de livros e CDs.

Amante da literatura e da música não pude deixar de ir conferir o que estava acontecendo. Quanto mais me aproximava mais me embalava ao som de Cartola.

E de repente...Estava eu ali, aquela menina recém chegada ao mundo acadêmico com minhas roupas despojadas e aquele ar de comunicóloga. É como se pudesse entrar em um túnel do tempo e lá estava eu de novo.

Uma viagem encantadora à uma época em que eu acreditava um pouquinho mais nas pessoas e ainda acreditava que de alguma forma iria mudar o mundo. Com o nariz arrebitado e sempre com uma resposta na ponta língua.

Quase pude sentir o gosto do cigarro que naquela época era meu companheiro inseparável. Aquela sensação de liberdade descompromissada. Uma sensação de que o mundo cabia nas palmas das mãos.

Lembrei do meu melhor amigo que caminhava sempre ao meu lado. Cheguei até a lembrar do meu namorado da época que fora o grande amor da minha vida antes de todos os meus posteriores amores.

De repente olho pra baixo e me deparo com meus scarpins caríssimos, mais um da minha imensa coleção de sapatos. De repente aquele scarpin serviu como um sopro de realidade. Foi então que percebi o quão distante essa executiva que anda em salto agulha se afastava daquela menina sonhadora.

Confesso ter sido um choque. Confesso uma sutíl melancolia com gosto de bolo quente. Confesso que hoje me sinto mais administradora do que comunicóloga. Confesso que senti saudades.

12 comentários:

Unknown disse...

Cheguei aqui meio que por acaso... e vou te dizer que se eu não tivesse certeza de que não fui eu que escrevi esse texto, alguém poderia me convencer disso.
Trocando o comunicóloga por socióloga e o executiva por advogada, eu me vi em cada palavra do que foi dito aqui. Em cada palavra e em cada sentimento. Em cada sonho perdido nalgum lugar desconhecido ou simplesmente preso nos bicos finos de nossos scarpins.

Farei mais visitas.

Até breve,

Camila T.

Cadinho RoCo disse...

Existem momentos em que somos levados pela vida, sem sentir.
Cadinho RoCo

william gomes disse...

"melancolia com gosto de bolo quente"
Brilhante!

DESIRE disse...

Recordar é (re)viver!
Ai esta maldita verificação de palavras para poder comentar! Tira, please!
Beijos prometidos

Camila disse...

Scarpins?
ADORO!
Apesar de quase todos machucarem meus pés! rsrsrs
Porem tbm sou daquelas que amam havaianas! Sou contraditoria!
Quanto a saudade... ai ai! Saudade é nossa alma dizendo para onde quer voltar!
Beijos

Laurita Danjo disse...

Confesso que sei exatamente o que vc sentiu. Confesso que não gostei nada disso.

[P] disse...

É aquela sensação de que parece que saímos de nós mesmas e nos vemos de fora. Às vezes choca mesmo. Mas se a administradora-comunicóloga de hoje for a realização dos desejos da menina sonhadora de outrora é sinal de que alguma coisa deu certo, moça.

Beijo pra você.

ps: ADORO tuas visitas no meu blog. você sempre me incentiva quando preciso, me anima com teus comentários e me faz refletir com teus textos.

:)

Paula Barros disse...

Mudamos né? Com o tempo, com as responsabilidades, com os momentos da vida...
As vezes para melhor, outras vez nem tanto. O ruim é quando nos perdemos de nós.

Mas você pode encontrar a menina sonhadora, os sonhos estão dentro de você, e com mais vontade ainda de serem sonhados e de serem vividos.

beijos

Leonardo Werneck disse...

Acho que sei como vc sentiu...

Beijos

Unknown disse...

É o equilibrio, um dia havauianas ou os scarpins...
Abraços

Unknown disse...

Adoro muitos sapatos!

Mas, é assim, temos q nos render ao capitalismo mesmo.

Bjs.

Thiago disse...

quem sabe lidar com a saudade acaba por matar ela! é uma pena que ela sempre está nos rondando!

:)