quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Shall we dance?


Dizem que os olhos são as janelas da alma. Se os olhos assim o são creio eu que os ouvidos sejam , então, senhas dos sentidos.É inegável a capacidade que certas músicas têm de me levar para outro lugar. De fazer meu corpo morada do desejo. É inegável que de repente me pego em outra dimensão, em uma dança onde meu corpo se veste apenas de brisa.

E meu corpo, esse sim tem sido veículo das mais variadas sensações.É ele que me conta quando minha cabeça se faz de teimosa e tenta ignorar. Mas nada passa. Nem a falta de fome de uma angústia, nem o arrepio das horas agitadas em que jorram de mim o líquido sagrado dos amantes.

Talvez seja o corpo que me jogue na cara a minha mortalidade e que me traga para dimensão humana. É ele que me arranca do tapete vermelho peculiar de toda e qualquer diva. É ele que grita e ri da minha pretensão de ser quase perfeita. É nele onde ocorrem as transformações mais interessantes que de tempos em tempos brotam de uma parte onde o intelecto não reside.

É quando ele dança, quando ele vibra, quando ele permanece que sinto o famoso tesão. Tesão pela vida, pelas sensações. Tesão, porque pode até ser que exista um ser humano nada humano que viva bem a vida sem tesão. Mas quanto a mim, jamais!

É ele que me joga, que grita e muitas vezes, nessas horas em que meu cérebro cansa de bancar o manda-chuva, me mostra um mundo novo. Nessas horas de descuido é ele quem me faz experimentar as situações mais quentes e mais intrigantes.

É meu corpo que denuncia quando sinto um cheiro que me atrai. É meu corpo onde as maiores descobertas encontram sua porta de entrada. É ele que dança como se quisesse sentir de uma vez só uma descarga de endorfina. É ele que te convida a dançar.

O corpo é desavergonhado, despudorado. Não tem a censura que a psique impõe tantas vezes quando quero tirar o pé do freio e pisar fundo no acelerador. E se não fosse o corpo meu amigo, com certeza não teria vivido tantas e tamanhas aventuras.

É por fim o corpo que me torna humana demasiadamente humana.

Shall we dance?


 Gotan Project - Santa Maria

9 comentários:

Camila disse...

Realmente... músicas conseguem nos transportar para outros lugares!
Adoro isso!
Beijo

Colibri disse...

Olá,

Vim agradecer a sua visitinha e ver como era seu blog também...

Adoro quando descubro alguém novo e vou ver como é seu blog pela primeira vez... Aquele sentimento de descoberta e de querer ser sempre ser surpreendido é demais... rsrsrs

Adorei seu blog e, acima de tudo, a sua capacidade de escrever e de deitar cá para fora suas emoções e suas perspectivas...

Voltarei mais vezes, pois já estou seguindo seu blog...

Beijos
Colibri
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As minhas últimas rapidinhas nos blogs…
Depois da tempestade…
Parte 7 – As casas de adobe...

Jana disse...

vida devia ter trilha sonora rs

Beijos

Camila disse...

Maravilhosa essa música.

Nossa temática tá parecida...o corpo despudorado, desavergonhado, como você diz é algo assim, como livre.

You should dance.


(A música é maravilhosa)

Leonardo disse...

Hummm gostei da música

Paula Barros disse...

Falou tão bem dos olhos, ouvidos, sentimentos, emoções...do corpo.

Gostei.

beijos

[P] disse...

Adorei!

Dançar tem funcionado, para mim, como uma grata terapia...

Beijos. E bom fim de semana pra ti também.

:)

Anônimo disse...

Depois de dançar muito a gente se sente tão leve. Adoooro!

Legal seu texto, é o que se pode chamar de seguir a sabedoria do corpo.

beijinho

Anônimo disse...

Tô ouvindo a música, muiiiito boa!
Se bem que, sou suspeita pra falar: eu AMO tango!