terça-feira, 29 de julho de 2008

How much difference does it make?


Sem medo de cair no cichê hoje andei pensando em Sartre: “ Não Importa o que fazem de você. O que importa é o que você vai fazer com aquilo que fazem de você.”
Andei pensando na possibilidade que todos temos de sermos ao mesmo tempo objetos e sujeitos de uma mesma ação. Nesses dias de horas de interrogações algumas sutilezas têm me saltado aos olhos.

Algumas verdades irrevogáveis de repente se tornam nuvens passageiras. Não é que viver na dúvida seja tarefa confortável nem tão pouco desejável. Mas o que tenho percebido é que alguns pilares que me sustentaram pelos meus poucos e bons anos eram de açúcar. O que faltava era a coragem de chover em mim para derretê-los.
Sempre foi mais fácil empurrar para debaixo do tapete aquilo que me fragiliza, que coloca bem a minha frente minhas limitações, minha falta de controle. Porque perder o controle é coisa pra gente grande que sabe lidar com isso.

Algumas situações acontecem porque assim tem que ser e descobrir os seus porquês simplesmente não resolve nada. Por mais difícil que seja devo admitir que algumas coisas são porque são sem nenhuma explicação mirabolante.

O que posso decidir é o que vou fazer com os fatos. E hoje os mil eus que moram em mim decidiram ver cada um da sua maneira uma mesma situação dos mais variados ângulos. Sorte minha que dona desses mil eus pude e posso escolher sempre o que melhor se encaixara à minha personalidade espevitada.

Fiquei pensando em paradoxos. No caos da ordem ou no caos para ordem. Talvez quando se tenha as maiores certezas é quando se necessita não de brisa e sim de furacão. Furacão para mexer e para bagunçar. Para gritar. Para gritar aos olhos da alma de quem teima em não ouvir.

Sorte minha que tive Ele. Furacão mais singelo que fez meu céu ficar em tom cinza pra depois se abrir em mil cores e mil possibilidades. Porque se eu não perdesse o controle pelo menos uma vez jamais saberia o gosto agridoce de ser mortal.
Sim outros furacões já passaram, mas talvez eu não estivesse pronta e desarmada para viver no caos de mim mesma.

Alguns ventos são mais do que brisas. Algumas histórias não se perdem no vento. Algumas pessoas estão no seu lugar porque precisam estar. Algumas delas surgem pra mexer, remexer e ficar. Algumas são especiais e ponto.

Talvez se Ele não tivesse aparecido jamais eu teria meu passaporte paras mil questões que hoje coabitam em mim. Jamais eu entenderia o que o poeta dizia com a dor é inevitável, o sofrimento é opcional.

Porque pra bom entendedor meia palavra basta. Porque se Ele caos não tivesse invadido minha vida talvez hoje ainda fosse a mesma. O mais interessante disso tudo é perceber que alguns oceanos não cabem em mar. Nem no meu mar de palavras soltas e frouxas.

Algumas relações jamais acabam, apenas se transformam. Algumas palavras precisam ficar soltas no ar.

Então pra aquEle que mexeu no meu mar de segurança e vaidade o meu mais sincero obrigada e o meu carinho de sempre. E nesse ponto, how much difference does it make?
Porque ser especial é uma forma de estar em alguém de uma maneira qualquer ainda que se transforme com o tempo, mas sem que jamais se perca.

7 comentários:

Guilhermé disse...

"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata." Carlos Drummond de Andrade

Estava Perdida no Mar disse...

Já tive verdades absolutas com as quais viviam e que deixaram de existir em segundos. Basta um movimento frte para quebrar uma crença e substituir este espaço por liberdade.

A única coisa permanente é a mudança.
Beijos
Obrigada pela visita
Gostei deste canto
Já linkei

Ela disse...

Algumas coisas e pessoas precisam aprecer para nos tornar mais gente. Tomar decisões, mudar atitudes, questionar.

Eu adoro este tipo de gente, que faz isto com a gente!

Anônimo disse...

O que os outros fazem diz respeito aos outros. Claro que podemos tentar afetar. A interação é intrínseca ao ser humano. Mas somos responsáveis, fundamentalmente, por nossas atitudes. E aí concordo bastante com Sartre, o que importa é aquilo que fazemos com aquilo que fazem de nós.

Sobre o movimento interno, é assim que costuma ser o efeito da paixão: chega, revoluciona, nada mais poderia restar no mesmo lugar. Coisa boa de receber, mas precisa de maturidade, precisa de segurança: não é todo mundo que sabe perder o controle. Mas aprecio que não seja o seu caso! :)

Beijos!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Ele deixou boas marcas da passagem dele pela sua vida, aprendizados. Isso é bom. :)

.:.Isabel.:. disse...

A permanente transformação de tudo o que há...

Gostei daqui.
;)