segunda-feira, 27 de abril de 2009

Antiquada...


Confesso uma certa resistência em não ver poesia nas coisas, mas há horas em que se há de enxergar um pouco em prosa. Andei pensando no que já dizia o poeta “ o que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou”. Certas coisas me fazem pensar que é nesse estado de anestesia em que vivemos hoje.

Se esse tempo merecesse classificação, o classificaria como a “era do tudo pode”. Pode ser desleal, pode dar no primeiro encontro, pode esquecer uma grande amizade quando seus interesses falam mais alto, pode magoar terceiros desde que nunca, jamais em tempo algum se deixe de olhar somente para seu umbigo. Pode também ver criança na rua e achar normal, pode ver político corrupto e não reagir.

Não, não estou tentando aqui defender a moral e os bons costumes. Sempre fui dessas divas meio atiradinhas, daquelas que chocam familiares mais conservadores com suas opiniões. Mas tudo tem limite. Só 0 sobre 0 é infinito.Acho que essa é a única excessão que conheço para o limite.

Fico pensando em qual sentido dar a certas coisas que, infelizmente, hoje em dia me parecem antiquadas. É antiquado amar um só, o bom mesmo é amar vários na superficialidade e não amar ninguém. Ok, se isso é uma fase da vida da geração que já sabe namorar e é de tudo mundo e todo mundo quer bem, que assim seja. Mas cada dia, os laços me parecem mais frágeis.

Cresci ouvindo meus pais me ensinarem o valor da amizade, o valor do respeito pelos mais velhos e também pelos mais novos. Aquela velha máxima, que também já deve ter caído em desuso,não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você.

Acho que do alto da minha vida moderninha, do meu jeito descolado, da liberdade que canta em meu peito fiquei antiquada. Porque não consigo achar normal deslealdade, falta de amizade, falta de sinceridade, atrocidades.

É pai virando filho, filho virando pai aos quinze anos. É uma falta de caretice inacreditavelmente careta. Inadequada, inapropriada. O legal mesmo é se permitir no carnaval. Afinal, no carnaval tudo pode. Não compreendo muito bem esse rito, porque pra mim tudo pode, todo dia.

Mas confesso que me peguei sendo antiquada, anacrônica, careta e velha como dizem as más línguas. Só porque cometi o crime de ter valores e princípios. Se a ignorância é companheira da felicidade como reberveram por aí, opto por não ser feliz. Pelo menos não a felicidade do senso comum. Se fazer o bem sem olhar a quem e viver sim, como se cada dia fosse o último mas, sem que para isso, tenha que passar por cima de ninguém é antiquado. Sou ré confessa.

Confesso, sou antiquada. E por mais estranho que seja me orgulho disso.

8 comentários:

Felipe disse...

Não se comunica que tem blog pessoal! Como vou saber? Culpa tua... prometo ler quando chegar em casa... Voce tem o estilo parecido com o meu. Falando em mundo errado, dá uma olhada no meu post de ontem quando tiver um tempo: "Terceira Guerra: A dos sexos."

Falo exatamente sobre isso

Beijos

To seguindo por aqui... adicionei teu link, senao perco as atualização... Imagine alguem avoado? Não sou eu... Eu sou mais.

Paula Barros disse...

Luciana

Que texto forte e profundo. Tento acompanhar a modernidade, mas sempre volto ao dito careta. As vezes me sinto perdida nas voltas desse novo mundo.

Você descreveu muito bem.

abraços

(estarei no Rio em julho com minha filha, quem sabe tomamos um sorvete juntas)

Felipe disse...

Tá... não me segurei e li tudo...

Ahhh renato Russo... "Olha só o que eu acheiii. Cavalos Marinhos..."

Entendeu?

Unknown disse...

Concordo com você em tudo!
Eu sempre fui a ovelha negra da família, mas ainda não aceito muita coisa, e me dizem que eu sou careta em certas ocaciões e tudo mais.
Mas eu ainda sim prefiro ser a careta no final das contas e não perder os ensinamentos que os meus pais me passaram!
sério! muito bom o seu texto!
:******

Camila disse...

Lu, minha querida... voce não é antiquada, e sim tem conceitos.
Conceitos que achamos certo e seguimos, que aprendemos com os pais.

Concordo com post, sinceramente adorei.

BeijOs

Anônimo disse...

Eu também sou antiquada, e que bom poder dizer isso pra alguém que não vai me torcer o nariz ao ler. Essa tal modernidade de alguns tá achando coisas muito toscas normais.

Ótima semana pra vc tb!
beijo!

Daiane disse...

olá, adorei
como você expressou cada
termo, cada palavra foram postas
de forma correta fazendo com que cada um de nós pudessemos refletir
sobre esse mundo de inconstâncias
onde muitos acham que o ERRADO
é o CERTO!
SE COMPORTAM DE FORMA TORTA, com a finalidade de atingir terceiros
mais lá na frente, se depararam com a realidade de que só conseguirão atingir a si mesmos...


um grande abraço!

Maria disse...

Identificação! Confesso contigo, ameniza?! Acho que o mais incrível é isso mesmo, de ver confuso o conceito de liberdade com falta de respeito. Qual o limite?!

Meu beijo