
Inacreditavelmente permaneci alguns longos minutos em frente a página em branco. Sentei para escrever, na verdade sem nada em mente para escrever. Mas senti a necessidade de jorrar palavras. Só não sabia quais. E aquela falta de assunto, falta de letras, confesso ter me causado uma certa angústia. Uma claustrofobia de mim mesma. E nesse momento senti uma enorme vontade de acender um cigarro, como se ele pudesse trazer de algum canto perdido minhas inspiração. Mas acabei lembrando que parei de fumar.
Estava eu ali, frente aquele objeto de formato cilíndrico e capaz de me causar um enorme prazer. Não, o objeto em questão não era um vibrador e sim um cigarro. E diante daquela imensa frustração começaram a pipocar idéias em minha cabeça. Que fique claro aqui que a frustração não se devia ao fato de não acender aquele objeto, o que me martirizava era o fato de bem diante dos meus olhos comprovar que estava prestes a descumprir o acordo que havia feito comigo mesma.
De repente me deu o insight de que, em grande parte, nossas frustrações se devem ao descumprimento daquilo que acordamos com nós mesmos. Não seria aquele único cigarro o responsável por desencadear todas aquelas doenças que já sabemos que o maldito causa, visto a enorme quantidade de nicotina que coloco em meus pulmões desde os treze anos de idade. O que me faria mal é comprovar a impossibilidade de manter com o que planejei para mim.
E nesse momento em que comprovei o porquê da frustração, imediatamente, se iniciou um processo de barganha. É, isso mesmo, barganha. Eu lutava com todas as forças e lançava mão dos maiores e dos menores argumentos para aquietar a minha mente. Expliquei a ela, num processo completamente irracional que aquilo me faria muito mal e que quanto mais eu adiasse pior seria. Que já estava mais do que na hora de por fim naquele relacionamento duradouro.
Mas como todo relacionamento, porque alguns me parecem até mais cancerígenos do que o cigarro, nossa separação foi dura. Minha criança interior, confesso já meio crescidinha, me afirmava que aquele seria o último, como um beijo de despedida. Mais uma vez a barganha. Mas pra que descumprir com todas as minhas metas, ignorar todo o meu esforço até o dado momento em prol de um único instante de alegria, uma falsa alegria.
Acredito que quando tomamos uma decisão devemos conviver com ônus e o bônus de forma pacífica. Afinal, não dá para tomar um picolé de brigadeiro e não ingerir junto com ele as suas milhares de calorias. Pronto, chego ao final desse texto com meu acordo devidamente cumprido. Nada de cigarro. E que fique aqui registrado que o gozo de ser dona das minhas vontades e de perceber valor em minhas decisões é muito maior que o gozo que aquele objeto cilíndrico exalando fumaça.
Que todo relacionamento, independe de sua origem uma hora tem seu fim. Assim funciona com cigarros, homens e mulheres.
Queridos, também estou aqui: http://no-banheiro-feminino-blog.blogspot.com/