domingo, 4 de janeiro de 2009
De pique-esconde...
Era uma vez uma menina muito medrosa e que adorava brincar. Sua brincadeira preferida? Esconde-esconde. Escondia-se o tempo todo. Das dores, dos amores, da insegurança, da solidão, das incertezas, da inveja alheia.
O curioso é que essa garotinha sonhava grande. Sonhava em ter o mundo, em ser gente grande, em ser reconhecida, em ser bem amada, em brilhar. Sim, ela sempre gostou de porpurina e paetês. Lembro-me bem seu caminhar em cima de seus saltos agulhas, de seu rosto pintado de desejo.
A pequena garota de certo não nascera para viver a sombra de qualquer que fosse o poste, seu brilho contagiava a quem tinha a sorte de ser chamado de amigo por ela. Mas ali estava. Aquela garotinha que cismava em brincar de esconde- esconde.
Escondeu-se tanto que acabou se escondendo de si mesma. Acabou perdendo o contato com sua musa interior. Escondeu-se da dor mas perdeu a chance de viver uma linda história. Escondeu-se do risco mas acabou por não viver uma grande conquista. Escondeu-se de suas fraquezas e acabou se perdendo.
Um dia, essa garotinha ousou sair da sombra e parar de se esconder. Do fundo daquela caverna já havia se esquecido como a luz da vida é intensa. Capaz de deslumbrar e ao mesmo tempo cegar temporariamente aos que se atrevem a ver um pouco mais que sombras na parede.
Aos poucos, de atrevida que era ela, caminhava. Seus passos sempre para frente, jamais para trás. Caminhou, caminhou. Às vezes sentia-se só, até compreender que ela era sua melhor companhia.
Um dia encontrou uma pedra muito sábia a quem deu ouvidos por horas. A pedra lhe dissera que se ela queria brilhar não podia mais se esconder. Muito resistente, a menina ficou pensando em como nunca mais brincar de esconde-esconde se essa fora sua brincadeira preferida desde criancinha.
Aos poucos a menina tentou, sem nenhuma promessa de conseguir. Tropeçou uma, duas, centenas de vezes. Mas de repente lá estava ela. Não mais verde, agora sua cor era vermelho, assim como o tapete vermelho que a vida gentilmente lhe estendia.
Acabou o esconde- esconde e agora dizem que ela anda por aí divertindo gente e gozando a vida. Dizem que tempo passou e aquela garotinha deu espaço a uma linda mulher. Dizem que em dias de gotas no céu ela ouve música alta e sente a vida toda sua.
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5 comentários:
Acho que a pequena-garotinha-menina-mulher fez bem em abandonar o pique-esconde. Este tipo de brincadeira só serve para nos privar de viver as boas coisas [e, por que não? as ruins, que nos fazem crescer também] da vida, não acha?
Beijos, Luciana.
ps: a "Diva" ainda está no Fim do Mundo. presença de "Diva" é solicitada a todo instante, de modo que, oi? privacidade? ah, deve ser algo que as pessoas misturam nos doces e comem sem querer, sabe? boa volta ao trabalho pro'cê - eu ainda tenho um mês de férias pela frente - e cuide-se por aí. ah, sim, claro, já ia esquecendo: quero relatório completo dos acontecimentos que provavelmente devo ter perdido e, oh!, tenho um bocado de coisas [BOAS!] pra te contar também...
:)
Agora tem que brincar de pega pega... E correr atras da vida!
Beijos
Meninaaaaaaa!!! Que sucesso seu post!!
Segue uma coisa que lí por aí: Feliz 2009!!!
: )
ótimo post, parabens.
Muito bom teu blog, desde o perfil até teus textos, Gostei daqui,
Maurizio
A menina-mulher resolveu pegar as rédeas e seguir a vida.
Um ano maravilhoso pra vc tb, querida!
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