terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Como tinha que ser...


Ela podia ser amável e segundos depois um alerta de perigo. Pintava as unhas de vermelho sangue para se misturar com seus cabelos, que refletidos ao sol pareciam acaju. Não estava nem sequer perto da perfeição e era disso que tinha mais orgulho. Levava a vida como quem veio a passeio. Brincava com corações alheios, mas não continha sua ira quando faziam do seu bola de gude.

Naquele dia, ela tinha acordado de ressaca daquelas noites intermináveis em que vestia sua mini saia e saía sem rumo. Abriu os olhos incomodados pela luz que entrava pela fresta de sua cortina. Sentou-se. Acendeu um cigarro. E ficou imóvel como se quisesse colocar os pensamentos em ordem.

Ficou ali alguns longos minutos naquela manhã de sábado. Até que resolveu se levantar. Entrou no banho, saiu enrolada na toalha que permaneceu envolvendo seu corpo não mais que alguns segundos. Andava nua pela casa. Abriu a geladeira e comeu morangos. Adorava morangos.

O telefone toca. Sim, era ele. O motivo de sua ressaca, a quem dedicara todos os brindes da noite anterior. Por quem secou até a última gota de sua garrafa de wisky. Ela era assim, só gostava de bebida quente. Que fizesse seu corpo incendiar. Era seletiva, principalmente com suas emoções. Não admitia sentir nada morno, tinha verdadeira adoração por tudo que a fizesse arder.

Prendeu os cabelos e outro cigarro. E aquela voz ainda ecoava do outro lado do telefone. E Ana ainda não entendia bem a razão daquela chamada. Mas continuou escutando com a pouca paciência que ainda lhe restava. Lá estava ele, Felipe. Queria entender o porquê de tantas ligações ignoradas na noite anterior.

Ana, que nunca fora mulher de quem pudesse se seguir os passos disse:
- Por aí, eu estava por aí. E qual a diferença que isso tudo faz?
- Você sai feito louca e nenhum sinal de você? Qual a diferença que isso faz?
- Bem, se faz alguma diferença guarde ela com você.

Desligou o telefone. Ligou o som. Ana gostava de dançar em casa como se sentisse observada. Como se alguém a observasse escondido.

Toca a campanhia. Ana se enrola na toalha. Mais uma vez aquele pedaço de pano não envolveu se corpo por muito tempo. Agora eram a tolha e dois corpos que ardiam de desejo. Dois corpos que contrariavam as leis da física e ocupavam um só espaço.

10 comentários:

Paula Barros disse...

Um conto que faz o leitor imaginar as cenas e não distinguir entre realidade e fantasia. Gostei. Senti.

abraços

. fina flor . disse...

rsrrs, minha Joanna também gosta de dançar como se estivesse sendo observada....

ah esses babantes, rs*

beijos, linda

MM.

>>> passe no canteiro para ver meu novo ensaio fotografico, amore, vais gostar....

Laurita Danjo disse...

Ela se importa mas se recusa a mostrar ao Felipe. Parece familiar...

Jana disse...

eu sou meio como Ana, preciso arder!

beijos

Camila disse...

Ui!
Que texto mais rico, menina! Adoro detalhes!
Adoro bebida quente e pintos minhas unhas de vermelho!

rsrsrs

Beijos

Guilhermé disse...

Em breve o nome do blog muda de SENTIDOS pra VONTADES... hehe

Beijo.

Leonardo disse...

Gostei da Ana.


Beijo

Thiago disse...

e eu fiquei por cá a imaginar toda a cena!

Lindo!

. fina flor . disse...

belíssima, passo para deixar um beijo de domingo, dizer que tenho novidades, rs*, e que o canteiro está com texto novo, passe lá....

beijocas

MM.

Ela disse...

Olaaaaaaaaaaaaaa
Saudade grande de ler você.

Estou na área.

Um abraço