Hoje acordei cheia de quereres. Querendo tudo o que mereceço e o que ainda vou merecer.
Querendo sorrisos sinceros, amizades verdadeiras, brincadeira no lençol. Querendo ver o sol me dar bom dia, porque sim, hoje ele nasceu para mim. Logo cedo adentrou a janela do meu quarto e sorriu.
Hoje eu quero o que ainda está por vir, o que ainda é cheio de magia. Hoje eu quero ter peito aberto pra encarar o mundo e sorrir para quem é especial.
Hoje eu quero dançar, igual a ave que voa pra bem longe sem ter o menor compromisso com o voltar.
Porque se é que existe volta, ela sabe esperar. Sabe esperar na janela feito vizinha fofoqueira que comenta a vida alheia.
Quero liberdade de criança que ainda não foi doutrinada pelos padrões do que pode e do que não pode.
Quero companhia da felicidade, mas não da euforia. Mas daquela felicidade com ar de contentamento, de alegria sincera. Aquela felicidade que não precisa de nada externo, que se basta.
E basta-se, assim, porque quem não sabe andar sozinho nunca vai provar o gosto e gozo das grandes conquistas.
Grandes conquistas são aquelas vitórias de nós mesmos, quando se resolve rearrumar a casa, limpar o armário, cortar o cabelo, limpar o e-mail.
Grandes conquistas exigem planejamento, ainda que muito do que é planejado realmente aconteça como menos esperamos. Mas não digo planejamento do cenário e sim planejamento de si mesmo.
Preparar-se para deixar o que tem que ir embora ir e para dar boas vindas ao que se apresenta de novo, ainda que de novo.
Quero também as palavras. As palavras que são ditas e as que também não o são, porque existem mil maneiras de se dizer algo, até mesmo sem nada dizer.
Palavras amigas: amor, amizade, carinho, dedicação, abdicação, resconstrução, reestruturação. Reinauguração!
Quero que a vida seja um reinaugurar todo dia e que diariamente algo que pesa seja deixado de lado e algo que acrescenta seja somado. Não, não estou falando de grandes mudanças, mas das pequenas. De um novo livro lido, uma nova ótica, um novo propor.
Propor-se a tentar sem compromisso com o acertar.
Quero sentir, porque é de sentidos que a vida é feita. Então quero perfume de flores, coração acelarado, dia de domingo na cama, suor, orgasmo e gozo.
Quero sentir mas não por sentir. Sentir porque a vida é um breve espaço cedido por alguém a nós.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Quereres
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Palácio dos sonhos...
De debochada que a vida é ela sempre vem me surpreender. Quando penso que sou toda desconstrução, massa sem molde ela vem e me mostra que não.
Não se trata de não ter contorno. Trata-se de ganhar um novo. É difícil fechar algumas janelas, nos faz pensar que o sol nunca mais vai entrar. Mas de sárcastica que a vida é logo me vem escancarando uma porta.
Porta pesada, que uma vez aberta me leva para o interior de um imenso palácio. Um castelo onde há um milhão de sonhos perdidos no ar. E feito criança em loja de brinquedo me deparo querendo todos.
Mas é inegável que um deles brilha tanto que chega a ofuscar minha visão. Chego mais perto, me aproximo e lá está ele.
Seu nome? Auto- conhecimento. Logo de cara para minha surpresa esse sonho começou a conversar comigo. Disse-me que era o mais cobiçado dos sonhos que muitos já haviam chegado ali procurando por ele. No entanto, poucos conseguiram fazer por merecê-lo.
Explicou-me que para atingí-lo não bastava querer, era necessário se esforçar. Era necessário ser forte e saber que no meio do caminho muitas, inúmeras pedras iriam aparecer.
Alguns tolos tentam chutar as pedras. Alguns poucos entendem que chutá-las de nada adianta, que o mais inteligente seria driblá-las. Outros pensam que driblar significa passar por elas sem que as mesmas percebam.
Não, driblar é enxergar com lucidez a todas elas e tentar assim, escolher o caminho menos penoso.
Depois de algumas horas de conversa resolvi que apesar dos percaussos escolheria esse sonho mesmo assim.
Segui em frente e logo comecei a entender o que ele quis dizer com as pedras. Confesso, que algumas que a princípio me pareciam pequenas, sem importância, tentei chutar. Confesso também que ao invés de removê-las o que consegui foi um belo machucado.
Após uma longa jornada já estava cansada de tanto caminhar. Mas novamente de irônica que a vida é me abriu as portas do mesmo palácio.
Resolvi dessa vez escolher um sonho chamado perseverança. E assim, passamos a caminhar lado a lado: eu, o auto-conhecimento e a perseverança.
Que não se confunda aqui perseverança com teimosia. Perseverança é uma maneira inteligente de ser teimosa. Ser teimosa apenas com o que vale a pena.
Logo comecei a perceber que a danada da vida começava a brincar comigo, mas dessa vez não mais irônica, sarcástica ou debochada. Tinha agora um ar de contentamento, de crescimento de felicidade.
E ali, na frente daquelas pessoas tão queridas galguei mais um degrau dessa longa jornada. E agora o auto-conhecimento me fazia companhia e como Shiva Natarajá, o rei dos bailarinos dançava ao som de uma sinfonia doce, leve e querida.
Segui em frente, mas agora um pouco diferente. Já não era mais a mesma, agora eu sou yogni.
E como não podia ser diferente agradeço a todos aqueles que me ajudaram a fazer as escolhas certas no castelo dos sonhos e aqueles que me ensinaram a driblar as pedras.
Minha querida instrutora Rafaella que me dedicou sua atenção e seu carinho, que me ajudou a galgar mais um degrau rumo à evolução.
À querida Vanessa de Holanda que me inspira a cada dia a ser uma pessoa melhor. Ao seu poderoso sorriso que muitas vezes me diz sem palavras: Eu acredito em você!
A todos os meus amados amigos do Swásthya que acompanharam a minha evolução.
E um agradecimento especial ao meu querido Mestre De Rose, porque sem ele nada disso seria possível.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Castelos de Areia
Um dia sentada a beira da praia vi meu castelo de areia ser destruído pela imensa força do mar. Ali fiquei sem nada poder fazer .
Pela primeira vez senti-me impotente e aquela sensação incomodava, era dolorido sentir que contra algumas forças nada se pode fazer. Tive vontade de gritar, de fugir, de sumir. Mas não fiz nada disso.
Deixei uma lágrima correr e percebi que algumas coisas são porque simplesmente têm que ser.Percebi que ser forte naquele momento não era mover o mundo a meu favor e bater o pé feito criança que quer sorvete.
Não, dessa vez não tentei remar contra a maré. Apenas deixei que a vida seguisse seu curso natural. Não tentei intervir.
Não, não foi um movimento voluntário de abdicação. Foi mera falta de força pra ir de encontro ao que tanto temia. Estava ali, diante daquele castelo que havia construído e pensado nos mínimos detalhes.
Durante um bom tempo havia me dedicado a erguê-lo e ornamentá-lo da forma mais poética possível. Depositava ali toda a minha atenção e dia após dia me encantava ainda mais com aquilo que acreditava ser meu porto seguro, minha obra prima.
Ver o meu projeto ser devorado sem que pudesse ao menos tentar resgatar me consumia. Não entendia bem o porquê daquilo tudo.
Fui invadida por uma sensação de dever cumprido. Sabia que aqueles sentimentos de despedida e de luto eram necessários. Era uma dor, mas agora não era mais latente.
Percebi que o luto podia ser um lugar melhor do que a melancolia das tardes passadas admirando aquele velho castelo.
Percebia que no luto havia a possibilidade de movimento. Quando nada mais se tem a perder é chegada a hora de construir. Mas como construir sem antes desconstruir?
Desconstruir idéias, valores, personagens. Desconstruir a si mesmo e dar lugar a um novo, ainda que o novo seja duvidoso.
Algumas idéias caducam, mas nada pior do que pessoas que caducam. Nada pior que o anacronismo, a falta de espaço no hoje, um projeto de vir a ser.
Não cabe mais. Nada que venha a ser cabe mais aqui. Aqui cabe gente decidida a ser feliz e a me fazer feliz. Aqui cabem amigos que torcem e não promessas que nunca se cumprem.
Não quero mais palavras, quero ação. Não quero mais elogio, bom dia, boa tarde. Quero ser viva nem que para isso antes algo em mim tenha que morrer.
Se tiver que amar, que ame. Se tiver que doer, que doa.
Se tiver que aprender, que aprenda a me reinventar.
Obrigada as irmãs Montone pelo carinho inenarrável que sempre dispensam a mim, seja tomando uma sopa no Cafeína, seja virtualmente. A vida fica mais fácil com vocês...
terça-feira, 13 de maio de 2008
Pensava nele dia e noite. Ou melhor pensava no que ele fazia com ela, nas sensações que causava nela.
Ligou o som, colocou uma música dessas que só de ouvir já aguça os sentidos, se pôs a dançar. Dançava em frente ao espelho e se encantava com a imagem refletida. Fechou os olhos.
Foi para longe, bem longe dali. Onde tudo eram sentidos, desejo, tesão. Sentiu o vento invadir seu corpo e convidá-la a dançar. Não recusou. Envolveu-se de calor e agora já na terra dos sonhos era leve.
Era tão real que podia sentir o corpo dele colado no seu, sua respiração, seu gosto, sua invasão. Seu cheiro exaltava a mais profunda sede. Sede de paixão, de movimento.
Não, ela não queria abrir os olhos, nem voltar a realidade. A essa altura ela não lembrava mais que havia outra realidade. Deixava o som a conduzir nua. Nua de medo, de tédio, de aflição.
Era dessas mulheres de uma noite e nada mais. Mas suas noites duravam dias, meses, anos. Duravam a eternidade dos segundos. Pouco importava o depois. Naquele momento não usava a razão, sua companheira mais fiel.
Como que a pedir licença a deixava de lado e explodia. Agora entendia que palavras realmente são desnecessárias, pouco significam perto do que se sente.
Acendeu um incenso, cumprimentou a lua que fazia serão na sua janela. Quis alcançá-la. Deixou aquele brilho dominar sua alma. Transcendia em energia, não podia mais explicar o que sentira.
Como chama flamejante queimava, tremia. Faltava força, foi invadida por um cansaço de quem passou horas a gozar a vida.
Isso não se podia negar. Essa moça sabia gozar a vida, dona de um ar imponente, de uma firmeza inquestionável e de um poder de persuasão quase sedutor.
Pintava as unhas de vermelho sangue, pagava suas contas. Era irresistível. Bastava um sorriso seu e mil exércitos desmoronavam. Acostumada a passar pelos tapetes vermelhos da vida, não era de recusar convite.
Recusava-se a dividir aquele momento com alguém. Era a hora dela, muito embora sua fantasia envolvesse terceiros.
Tomou banho, passou perfume. Ouviu a campanhia tocar. Era o terceiro.
E agora aquela dança, aquela fantasia começava a se confundir com a realidade. Como não era de recusar convites, aceitou a dançar outra vez, mas dessa vez muito bem acompanhada.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Dias Amenos...
O difícil é aceitar que nem todos os dias são de sol radiante ou de temporais capazes de inundar as ruas. O difícil mesmo é ter que conviver com aqueles dias nublados, a garoa caindo e nada, nada demais acontecendo no mundo.
Difícil perceber que nem todo dia é dia de glória ou de fracasso. Alguns dias são apenas dias e não presságios de grandes acontecimentos.
Nunca entendi muito bem porque esses dias têm que acontecer. Sempre me causaram tédio, preguiça e outras sensações não muito interessantes. Me parece que estou deixando de viver nesses dias.
É um tempo em que deixo de ser vulcão e experimento a calmaria de águas serenas de um rio que me leva para não sei bem onde.
Dia desses percebi que não é a calmaria que me aflige e sim o não saber bem pra onde esse tal rio me leva.
É quando simplesmente tudo já foi feito, as grandes decisões já foram tomadas e agora a vida segue. Simplesmente segue.
Confesso que os dias de sol me fazem sentir viva e confesso que também não sei lidar com dias beges. Mas, confesso que gostaria de aprender.
Não, não quero eu ser bege. Só saber conviver com o bege. Pessoas beges, relacionamentos beges, dias bege.
Talvez meu pavor ao bege se deva porque ele me mostra um lugar onde não quero estar. Um lugar que sempre me causou estranheza, porque pra quem sempre foi vermelho bege apaga, deprime.
Sou libriana vaidosa que clama pela beleza e elegância das coisas. Por favor, não me obrigue a conviver com o feio. Não me obrigue a ver imperfeições e nem a fechar portas.
Sim, fechar portas, virar a página do livro, despedir, ir embora, encerrar. Sempre acreditei que a vida deveria ter suas portas e janelas sempre abertas pra sorte entrar. Mas nunca aprendi a fechá-las.
Deve ser por esse motivo que as despedidas sempre me causaram angústia mesmo quando eu sabia que era essencial.
Pela primeira vez começo a me dar conta que Maria Rita tinha toda razão ao cantar que o trem que chega é o mesmo trem da partida. Talvez esse trem que chega traga consigo um baú cheio de boas surpresas. Mas inevitável é dar adeus ao trem que parte.
Talvez a maior e mais dolorosa despedida seja a de si mesmo. A das decisões que um dia foram ir revogáveis, das certezas abraçadas como grandes causas, como suas causas.
É hora de me despedir de algumas partes minhas que não cabem mais em mim!
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Elástico...
Creio que o real problema seja a elasticidade do limite. Um limite elástico é algo no mínimo perigoso. O perigo é que ele estica, estica mas alguma hora ele há de romper.
Delimitação, talvez, nesse aspecto fosse uma atitude muito sabida. O grande mal da não observância dos seus próprios limites é não perceber o quanto de fato se suporta. Não acredito que ir além sempre possa ser uma coisa boa.
Certa vez ouvi que um grande estrategista sabe a hora de recuar. No entanto, o que mais se observa nesses dias em pé de guerra é um ataque incessante e um recuo ignorado.
Não se trata aqui de desistência ou sequer de displicência. A palavra é outra, zelo.
Zelo por aquilo que há de mais sagrado, a própria existência, pelo o que se sente.
Trata-se de saber que uma hora todo mundo pede colo e desiste. Não porque abdicou, deixou livre, mas porque finalmente o elástico estourou.
Desde pequena escutei que é melhor prevenir do que remediar. A prevenção não deve ser confundida com negação.
Prevenir aqui tem o sentido de cuidar-se e não se permitir ser tão maleável ao ponto de ser amorfo.
Saber onde e quando parar é virtude de quem sabe que um dia se perde e no outro se ganha.
Creio que essa elasticidade se deva a sociedade ocidental na qual estamos inseridos, no país em que tudo se dá um jeitinho. Crescemos e somos educados a ter o famoso “ jogo de cintura”.
Mas quando se trata de sentir até que ponto essa adaptabilidade é válida?
Minha mãe sempre me dizia que quem não arrisca não petisca. Por outro lado sempre me disse: Minha filha, seja prudente.
Prudente com o que faz com os outros, com as companhias que seleciona e acima de tudo prudente com você mesma.
Agora sim, entendo que o que ela queria dizer é não seja leviana consigo mesma. Cuide-se porque se você não o fizer ninguém o fará.
Não, não é egocentrismo. É entender que o mundo não vai parar se seu coração foi partido ou se você está decepcionado. No fim das contas, é só você como você mesmo.
Mamãe dizia também quando algo dava errado: “ Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.”
Acho que hoje, consigo entender o que ela queria me dizer com isso. Não é ser Poliana e viver sempre no melhor dos mundos e sim como dizia Raulzito: “ Mas se é de batalhas que se vive a vida. Tente outra vez.”
- Mãe, tenho boas notícias. Acho que aprendi a levantar, sacudir e dar a volta por cima!
- Pessoas queridas, não sejam elásticas, sejam adaptáveis e aceitem às mudanças sem que isso as agridam.
Quanto a mim continuarei no exercício diário de ser menos elástico e mais prudente.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Vácuo
Vácuo. Acredito que o ser humano não esteja preparado para lidar com o vácuo. Vácuo de idéias e de justificativas.
Há a necessidade constante de tapar buracos. Creio que essa busca se deva ao fato de não acreditar ou talvez não suportar as ausências.
Lendo um texto outro dia me deparei com alguns questionamentos quanto à natureza das divindades e seu caráter onipotente. Ou em contrapartida o caráter bem próximo do homem de alguns deuses da mitologia grega.
Acredito que mais uma vez essa questão da existência de um Deus seja um pretexto para ocupar um vácuo onde as perguntas não encontram respostas. Seria uma forma de transferir a responsabilidade daquilo que não está ao nosso alcance para as mãos de uma entidade maior.
Não se trata aqui de descrença e muito menos falta de respeito pela fé alheia. O único ponto que questiono é que se de fato há um Deus, ele não deve ser discutido e muito menos motivo para discórdia. Se Ele realmente existe creio eu que seja composto de energia e isso não se discute. Apenas se sente ou não.
Algumas guerras santas usam como justificativa esse tal Deus, como se ele estivesse muito incomodado com o fato de um pedaço de terra possuir a um povo ou outro. É inevitável mais uma vez cair na questão das justificativas.
Ora, se é em prol de um “bem maior” tudo se justifica. O mais interessante é que aquelas pessoas que consideram “do bem” são sempre as primeiras a vestir a máscara da hipocrisia e usar a religiosidade como artifício.
Alguns episódios recentes vieram a confirmar essas minhas indagações. Vizinhas que agridem uma bela moça só pelo fato de que ela vive e é feliz. Representantes de filosofias que insistem em tentar denegrir a imagem daquele que consideram seu opositor. Em prol de algo que deveria ser maior e divino.
Tudo isso talvez se esclareça pela dicotomia das pessoas que não conseguem enxergar que a vida não é feita de apenas dois lados: bom e mal, amor e ódio. E sim composta de milhares de facetas que não se opõem e sim se complementam.
A pergunta aqui é: e se o mundo realmente fosse constituído de dois polos? Me parece que se um dos dois deixa de existir imediatamente o outro perde sua razão de ser. Então, por questão de sobrevivência é melhor deixar que os dois lados sempre existam e por questão de inteligência é melhor percerber que existem infindos lados.
sábado, 3 de maio de 2008
Criança mimada
O telefone toca. Do outro lado ouve-se uma voz de mulher ligeiramente irritada.
- Olha aqui, vamos fazer alguma coisa pelo amor de Deus. Eu não faço mais nada, só fico enfurnada dentro de casa.
Logo respondi a tal apelo:
- E você acha que eu tenho feito oque? Andado pelas noites de Paris?
Grave, muito grave.
Confesso que o isolamento tem sido um exercício satisfatório. É uma forma de não se doar para o outro e não atirar-se na vida. A posição de espectadora há um bom tempo me fascinou. Não dividir meu pensamento com pessoas não interessantes tem sido uma ótima resolução e um ótimo esconderijo.
Tudo bem, não há nenhum altruísmo nesse comportamento. Compreendo que talvez seja o momento de cercar-me de pessoas realmente interessantes. Chega uma hora na vida, na minha e na de todos que algumas prerrogativas e até algumas pessoas têm que ser deixadas para trás.
O questinamento aqui é se devo me render e descontruir a heroína que supostamente sempre habitou em mim, ou se devo preservá-la. Creio que sem querer já estou a desconstruindo e expondo algumas verdades.
Vamos por partes então:
Sim, sou mulher guerreira, movida pela ânsia do novo, alimentada das paixões que invento para ocuparem os lugares que eu por mim mesma jamais visitaria.
Tenho fraquezas de menina indefesa e confesso certa dificuldade em admití-las. Pedir colo nunca foi mesmo meu forte sempre achei mais interessante estar do outro lado da moeda.
Chega o momento, porém, em que há de se descobrir uma outra valentia. Valentia de olhar para as próprias fraquezas e reconhecê-las como minhas. Não, não é o mundo que sempre está errado, há a possibilidade (ainda que não me agrade) de eu estar errada ao menos uma vez na vida.
Sim, talvez seja tempo de reconsiderar algumas certezas e dar um passo para o lado a fim de tentar um novo caminho.
Menina mimada pela mãe, pelo pai, por amigos, pelo amor, pela dinda, pela avó. É difícil ouvir não. Mas essa danada da vida vem me negando algumas coisas que cismei de querer.
O mais irônico de tudo isso é que justamente o brinquedo que a vida não quis me dar seja aquele mais valorizado, almejado.
Sempre gostei de desafios, da conquista, do poder, do vencer. Mas há aqui a necessidade de crescer.
Começa o diálogo:
- Entenda que você não vai ter tudo o que quer sempre. Você não é mais ou melhor que ninguém.
Em seguida a justificativa:
- Ah, mas foi melhor assim.
Pergunta:
- Melhor pra quem? Por que não?
Para e pensa.
- Não, dessa vez não vou fazer pirraça. Vou por ali, mesmo que o ali não me coloque em posição interessante. É chega a hora de rever. Rever as formas, as coisas, as pessoas, os valores. É chegada a hora de olhar pra dentro.
É tomada por uma sensação de paz.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Tem pessoas que a gente não esquece nem se esquecer...
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