E onde ficaram todas aquelas palavras que nunca
foram ditas, que foram sentidas, que foram vividas, coloridas, desbotadas,
rasgadas, retalhadas?
Onde ficaram aqueles meio sorrisos, deixados em
algum caminho perdido em uma estrada que não fora escolhida, mas vivida.
Da forma que deu. Porque algumas coisas são
assim, da forma que dão. Assim como as palavras que escorrem de um canto
qualquer, de um sei lá onde e saem sem porque.
Durante muito tempo recolhemos peças de um
quebra cabeças que parece não ter fim e quando ele finalmente está ali montado,
inteiro, parte por parte. As partes deixam de ser importantes, a figura montada
deixa de fazer sentido.
Não era nada disso, ou melhor, era, mas deixou
de ser. Deixou de ser. A dor que doía não doi mais, o que era dogma foi para o
ralo. E ficou o que?
Quem tem ou quem precisa ter todas as
respostas? De onde saem as meias verdades?
Por que o que pulsa de repente deixa de pulsar?
O que fica no lugar? Nada?
E se for nada, isso é ruim?
Folha branca, alma cheia.
Algo vivo, muito vivo buscando se encontrar no
que ficou e que não se sabe mais.
E não saber-se? Também é escolha.