quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Das urgências...

Sinto como se a vida cismasse em dançar um ritmo muito mais lento que o meu. É como se no vai da valsa o que eu quisesse mesmo era dançar um rock and roll. De certa forma, é como se eu corresse para algum lugar que ainda não sei onde.

Como se lá fora nevasse e aqui dentro queimasse. Anacronismo. Corte, construção. Força saída justamente da ou das fraquezas. Referências na ausência das mesmas. Um passo de cada vez e todos eles ao mesmo tempo. Um eterno paradoxo, como se assim tivesse que ser. Acho mesmo que é desse vendaval que vive e sobrevive minha vaidade.

De me encontrar onde me perco e de me perder onde jurava que já me conhecia. De onde nenhuma surpresa se fazia possível, do sorriso mando, do hálito das noites que terminam quando já é dia. Dos sorrisos sinceros que cruzam meu caminho. Da felicidade de ter e não ter alguém(s).

No fundo, creio que o que sempre buscara fosse me reconhecer na queda. Fosse ser mais maleável como borracha e menos dura. Mais água que escapa brilhantemente de seus obstáculos.

Um meio termo entre Polyana e Samanta. Um meio termo do que eu fui e do que imagino serei. Palpável. Vivo. Porque é de batalhas que se vive a vida. Algumas vencidas outras aprendidas. Às vezes me lembro de esquecer a tempo o que um dia fiz questão de lembrar. Outras horas me esqueço de tudo que aprendi só para ter que aprender de novo.

Feliz, urgente.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Das mãos

É que a sua ausência de escrita nada tinha a ver com falta de inspiração. Era apenas sentir o que era, que a deixava encantada com as milhões de possibilidades que ela mesma havia inventado. Não era falta de desejo, de paixão ou de tesão. Até mesmo porque ela não sabia viver sem suspirar.

Não é que a calmaria tivesse feito morada do dia para noite. Ela apenas havia entendido que mergulha mais fundo, apenas, quem está preparado para tal. Mergulha porque não teme o vazio, compreende que algumas ausências apenas existem sem porquê ou para que.

Só quem conhece seus limites e os respeita vive plena de si. Plena da certeza de que as não possibilidades, ainda assim, são possibilidades. Algumas vezes sentir é feito somente para isso, para ficar no plano do que não se toca.

Entendia agora, que não saber o que se encontra do outro lado do muro pode causar frio na barriga mas merece e deve ser vivido. É de ir fundo que se vivem os dias. De estar de uma forma sem que, para isso, exista alguma explicação plausível e que se encaixe em velhos padrões já estabelecidos.

Produzir não necessariamente significa retorno. Produz quem tem sede de procura, ainda que não se tenha vaga idéia do que vai se achar. Procura quem tem o gene da curiosidade, quem entende que mais do que as resposta o que se busca é o caminho. O processo de desconstruir para construir algo com traços novos e antigos.

Não existem fórmulas, existe tentativa e erro. Erros que podem ou não serem devastadores. Depende de como se posiciona perante a vida. Nada para ela é perda de tempo, tudo é aprendizado. Como se cada dia fosse um novo capítulo escrito a mil mãos de uma história que nunca pode se prever o fim.