terça-feira, 24 de junho de 2008

Se alguém perguntar por mim....


Lembro-me da primeira vez que coloquei um óculos, um mundo novo cheio de cores e detalhes estava bem ali em frente aos meus olhos. Tudo ficou mais vivo, mais nítido. Essa tal de miopia embassava minha visão e me dava até dor de cabeça porque tinha que fazer uma força incrível para enxergar.
Assim me sinto outra vez, um mundo colorido e cheio de pequenos detalhes que invadem a minha visão. Esses “pequenos” detalhes se chamam oportunidades. Certa vez em uma conversa com o De Rose ele dizia que a oportunidade é como uma mulher com a nuca raspada, uma vez que ela passa por você, não adianta querer puxá-la pelo cabelo.
Quantas inúmeras oportunidades se escancaravam a minha frente enquanto eu embriagada pelas reclamações de mim mesma ebassava a visão e as distorcia. Pois agora quero só sobriedade e braços abertos pros sonhos.
Mal dou a luz a um projeto e outro já habita meu ventre. Porque sou morada do novo, e no fundo começo a acreditar que Nietzsche tinha razão, não amo o desejado e sim o desejo.
Tenho a urgência dos vinte poucos anos e hoje um pouco mais do que ontem, a maturidade da espera, não a espera passiva, mas a espera de quem plantou e sabe que tem que há o tempo de colher.
Dizem que o mais divertido da festa é esperar por ela, então me proponho nessa jornada fazer de cada um dos meus dias uma pequena festa, dessas de criança, que tem algodão doce e palhaço que faz a gente dar risada.
Esses últimos dias têm tido gosto de mel, cheiro de terra molhada e fértil. Fértil porque faz tempo que descobri que a minha vontade não se basta em mim. Ela ferve, e extrapola os limites e os meus próprios moldes que a cada dia brinco de esculpir.
De repente me vejo do alto da montanha e agora aquela imensidão azul que era o mar nada mais é que um pontinho azul lá longe, aquele furacão agora é brisa que brinca com os meus cabelos. É estranho e paradoxal como melhor se entende uma situação justamente quando se está fora dela.
Os olhos que antes eram de dama sofrida hoje sorriem dessa grande comédia, desse filme pastelão, onde a princesa se questionava o que fazer quando já estava fazendo.
Cessada a tempestade que agora o provérbio se concretize e que venha a bonança, porque sim, eu mereço. Pela primeira vez o fim não me preocupa e chego a me divertir e gargalhar com os meios. Não há obrigação de chegar, porque já sei onde estou indo. Não há pressa.
Há permissão. De agora em diante é decreto lei na minha vida que sou mulher de muitas coisas até mesmo das que jamais imaginei que seria. Deixo aqui meu personagem e venho ao mundo real. Sinto decepcionar alguns, mas tenho fraquezas e um milhão de defeitos. Talvez o pior deles seja brigar contra eles mesmos.
Não sou forte, nem fraca, nem Maria nem Marlin Monroe, sou isso tudo e mais aquilo. E não me interrompa porque estou em fase de criação, de mim mesma. E que venha mais esse projeto que será amado como todos os outros. Porque como boa mãe não faço distinção entre meus filhos.
E que eu coloque bhává (sentimento que confere força) em cada segundo dessa nova empreitada. Vira-se uma página e inicia-se outra.

Pessoas queridas estou de férias. Finalmente o descanço merecido. Esbarro com vocês por aí em cima do meu salto alto em um lugar qualquer...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Coisa Séria...


Horas de sono perdidas, dois kilos perdidos, olheiras, estresse e horas a fio em frente ao computador. Essa sou eu há alguns dias. A explicação para isso está aí embaixo. Mas se fosse necessário faria tudo isso de novo, enfim minha monografia ficou pronta! Como boa administradora e defensora incansável das mulheres, meu tema não poderia ser outro senão: Política da Diversidade nas Organizações. Delimitação do estudo: MULHERES!

Aos queridos que estiveram ao meu lado durante a produção desse trabalho meu muito obrigado pela paciência, pelas leituras e releituras, pela pesquisa de material e por aturarem minha ansiedade.

Agradecimentos especiais ao meu orientador querido, Arthur que mais uma vez me colocou pra pensar (deu trabalho, mas valeu a pena) e a minha tão querida Carol, que acompanhou de perto toda trajetória.

Abaixo, um pedaço da minha filha!

“Segundo Pierre Bourdieu (1999), a dominação masculina se dá ao passo que a parte dominada aplica categorias construídas a partir do ponto de vista dos dominantes, fazendo assim, serem vistas como naturais. (...)

Bourdieu (1999) afirma que a dominação masculina se dá através de símbolos que são aceitos tanto pelos dominadores quanto pelos dominados. O lugar ocupado pelos corpos femininos e masculinos seriam separados segundo esse simbolismo(...)
Como consequência dessa ordem, o acesso ao poder coloca as mulheres na posição de double blind. Se passam a atuar como homens se arriscam a perder os atributos necessários à feminilidade e põem em questão o direito natural dos homens às posições de poder. Por outro lado, se agem como muheres são vistas como incapazes e inadaptadas à situação. . (BOURDIEU, 1999,p.84) (...)

Beauvoir, em seu livro o Segundo Sexo, todos os mitos de criação exprimem a idéia da hegemonia masculina. Eva não foi criada a partir da mesma matéria-prima da qual fora criado o homem, mas sim de sua própria matéria, tirada do próprio flanco dele. Eva foi criada depois de Adão e não simultaneamente. E seu nascimento não seria autônomo e espontâneo, uma razão em si mesmo e sim com a finalidade de salvar Adão da solidão.

“ A representação do mundo, como o próprio mundo, é operação dos homens; eles o descrevem do ponto de vista que lhes é peculiar e que confundem com a verdade absoluta.” (BEAUVOIR, 1970, p.183) (...)

Em contrapartida Luce Irigaray defende que os sexos ou os gêneros são dois, sem primeiro ou segundo. Assim, a autora afirma que a identidade feminina, embora muitas vezes tenha sido baseada na dicotomia masculino X feminino, não deve ser interpretada como o “outro”. Tal fato se deve a um entendimento limitado desse termo. “A questão do outro está mal colocada na tradição ocidental, o outro é sempre o outro do mesmo, o outro do próprio sujeito e não um outro sujeito a ele irredutível e de dignidade equivalente” (IRIGARAY, 1994, p.53)

Segundo Luce Irigaray (1994), o sujeito filosófico, historicamente masculino, reduz o outro em uma relação com ele – complemento, projeção, inverso, instrumento, natureza – no interior de seu mundo, de seu horizonte. “

Acho que está na hora de repensar essa situação,que ainda que não ocorra de forma velada se faz presente no cotidiano das mulheres nas organizações.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

La amour...


Algumas palavras transbordam, escapam, suplicam para serem postas em papel, ainda que seja virtual. Hoje acordei com a palavra amor pulsando no peito, escorrendo pelos dedos, querendo entrar em cena.

Não se trata só de amor romântico, trata-s e de amor pela vida, pelas flores, pelas pessoas, por aquilo que se tem, pelo que não se tem e mesmo assim se quer bem.

Ok, confesso que o clima de dia dos namorados acendeu o fogo dessa palavra e me impulsionou a escrever sobre ela. Mas será que só dia 12 de junho é dia de lembrar de amor?

Penso que se o mundo está da forma que está é justamente pela carência dessa palavra que transborda. Falta de amor pelo próximo, pelo lugar em que se vive, pela natureza, pela mãe, pelo pai, pelo filho. E o pior- o desamor de si mesmo.

Amar é sentimento pra quem sabe, pra quem se deixa guiar pelos raios de sol, pela lua, pelo arco- íris.
Amar é a arte do vagabundo, porque se ama sem motivo, sem finalidade, apenas ama.

Não se ama porque é amado, porque rejuvenesce, ou porque faz sorrir. Ama-se e ponto. Há quem busque explicação para esse verbo. Para essa criaturas raras aqui vai um alerta: Amar não é verbo de ação e sim de emoção.

Colocar amor em tudo que se faz é uma forma de registrar uma parte sua em cada gesto ou ação. É como quem diz: Olha fiz assim porque isso é uma pequena parte de mim.
Por mais clichê que pareça tudo que se faz com amor brilha mais. Amor é semente da árvore da criação.

Amor cuida, ama mas não fere. O que fere é a falta dele. Transforma dia de chuva em um momento único para ver um bom dvd comendo pipoca. Transforma dia de sol em energia vital e biológica, prana.

Tem sim seus efeitos colaterais: pele viçosa, sorriso nos lábios, provoca rejuvenescimento, felicidade aguda, brilho nos olhos, música no chuveiro.

Amor é de graça e quanto mais se dá, mais se tem. Então ame tudo que te cerca, que te faz bem, que te alegra, que colore, que agrega.
Ofereça um pouco hoje e um pouco mais amanhã, lambuze-se de amor, se empanturre dele.

Pra quem tem namorado, hoje dê um pouquinho mais de amor, faça amor, viva amor. Dê sorriso gratuito, cheiro de mar, gosto de pão de mel. Gozem a vida juntos e derramem o líquido dos deuses.

Pra quem ainda não possui amor romântico, dê amor da mesma forma, saia para brindar a vida, as amigas, os amores passados e futuros, prepare o ventre para que ele seja morada do próximo amor. Dance, cante, pule e brinque, ame incondicionalmente a sensação de liberdade, de oportunidade.

E para os amores da minha vida que hoje eu seja capaz de dar ainda mais amor, mais paixão, mais energia, mais química, mais dias ensolarados.

Para aquele que aguça meus sentidos um brinde ao nosso sorriso, ao fogo que arde, ao dia de hoje, a nossa cumplicidade.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Who knows...


De tanto querer o querer acabei querendo. E agora se eu quiser não querer mais será que o não querer é certo?

Como boa aventureira vou me arriscar a não querer. Não quero mais interrogações, nem tão pouco devaneios. Quero o real, concreto, paupável e sólido. Não quero mais desacrditar e nem achar que as indagações são problemas.
Não quero mais choro, nem noites mal dormidas, nem o peso do vazio, nem a partida, nem o adeus, nem aquilo que nem eu sei que não quero.

É sim isso mesmo, deixando para trás o que pesa e não quero que vou seguir. Afinal, o que eu não queria mais sempre joguei fora. Não quero mais pose de atriz, nem fortaleza de heroína. Quero sim dia após dia um degrau a mais, um sorriso a mais, uma amor a mais, um amigo a mais.

Quero colo antes mesmo de pedir. Quero rir de mim mesma , olhar pra trás e ver que fui ridícula, mas pereceber que só sendo ridícula se aprende. Como aprender que tomada dá choque sem ter enfiado o dedo nela? Como se apaixonar sem sofrer? Como emagrecer sem fazer dieta?

Algumas coisas não cabem no mundo da teoria, assim como o mar não cabe em rio. Algumas coisas vivem no reino da prática e vivênciá-las exige uma certa dose de coragem e de atrevimento.

As consequências das coisas práticas também só residem nesse mesmo reino. Não adianta teorizar sobre uma noite mal dormida a menos que já se tenha sentido o olho fechar no dia seguinte. Não adianta teorizar que ninguém morre de amor, se um dia você não tiver acreditado que realmente ia morrer sufocada.

Não se atrever a experimentar as coisas práticas é viver, e no final das contas só ter a passar teoria. Já pensou se entrassemos na faculdade para apenas aprendermos sem nunca exercer uma profissão? Me parece meio sem sentido.

Alguns saberes só se acumulam quando provamos seu gosto, seja doce ou azedo. Mas como achar que limão é azedo sem jamais ter experimentado o açúcar do chocolate?

De agora em diante vou me ater ao reino das coisas práticas e colher seus frutos doces ou amargos. Dúvidas são saudáveis desde que não impeçam o movimento, desde que sejam apenas dúvidas e não a razão de ser.

Então se a partir de agora eu quiser saber como alguma coisa funciona eu vou lá testar, de repente vou levar um choque ou acreditar outra vez que vou morrer sufocada. Mas eu sei que um dia eu vou olhar pra trás e rir de tanta estupidez, da minha estupidez.

Então se você nunca saiu da teoria atreva-se porque um dia a gente aprende que até um frio na barriga, dependendo do ponto- de- vista, pode ser uma sensação boa.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

E agora José?


O triste mesmo não é o fim da história e sim perceber que ela não é e nunca foi tão importante. Ela nunca foi colorida eu é que fiz questão de dar cor, de fazer viva. De única ela nunca teve nada.

O frio na barriga que não passa, a inquietação e a falta de alguma coisa. Alguma coisa pra colocar no lugar, mas para que se nunca existiu lugar?

Acordar para perceber que o sonho colorido não passava de sonho. E como todo bom sonho só pode ser vivido no reino da fantasia, das relações virtuais.

Quando caio no mundo da realidade é aí que a coisa complica. Complica porque fico sem saber o que enfiar no lugar daquilo que me ocupavam as horas e o pensamento.

Brigo, brigo, brigo e essa batalha constante é contra mim mesma, porque agora tem um buraco, um espaço vazio e chato. Chato, muito chato porque realmente não sei o que fazer com ele.

Já me fizeram mil propostas. Vá ler um livro. Vai ao cinema. Vai praticar. Vai estudar.
Não, eu não quero ler um livro porque eu já faço isso, nem quero ir ao cimena porque já havia um espaço reservado para isso também. O que eu quero é saber o que eu faço com o espaço que era reservado para uma determinada coisa agora que essa coisa acabou.

Substituo encaixando um milhão de outras que não quero fazer só por fazer? Deixo vazio e corro o risco de no meio do vazio ter que lidar comigo mesma, com meus anseios e limitações? Finjo que não vejo? Finjo que nem sinto falata mesmo?
O que fazer com essa energia que saiu de um lugar e parece não sem enquadrar em nenhum outro?

Ok, eu sou amiga, bonita, inteligente, esperta, bacana. Mas e daí? O que eu faço com toda essa inteligência que de tão exaltada se recusa admitir que também posso ser burra, mundana e até mesmo tapada?

Nunca fui mulher de pedir sugestão, sempre tive inúmeras delas e se qustionava a alguém era a mim mesma e eu mesma me respondia. Mas e agora que meu repertório acabou?

Sento e choro? Mas eu não to afim de chorar, porque em mim reside um furacão que se perdeu no seu fim e agora quer ser brisa. But, too late...

Miss Andrade não é mulher de se abater, de se debulhar em lágrimas, de se desesperar, de se magoar, de se esconder. Então Miss Andrade é mulher de que?

De fibra, de ferro, de força? Se é de força, acho que ela saiu pra dar uma volta e me deixou na mão.
Ei, volta aqui! Porque eu não sei ser bonequinha. Será que vou ter que aprender?